Segundo o porta-voz do Hamas, Ismail Al-Thawabta, as 90 pessoas mortas pelas tropas de Israel durante a invasão ao Al-Shifa, maior hospital da Faixa de Gaza, na segunda-feira (18/03), eram “pacientes feridos e pessoas deslocadas” que se abrigavam dentro do hospital, contrariando a versão israelense de que seriam “terroristas” eliminados.
“O exército de ocupação israelense pratica a mentira e o engano ao divulgar sua narrativa como justificativa por crimes contínuos que violam o direito internacional e o direito humanitário internacional”, disse Al-Thawabta à agência de notícias britânica Reuters nesta quarta-feira (20/03)
A declaração do Hamas acontece no mesmo dia em que as Forças Armadas de Israel admitiram que 90 pessoas foram mortas durante a invasão ao complexo hospitalar. No entanto, segundo o comunicado do exército, todas as vítimas seriam “terroristas”.
Ainda segundo o balanço de Israel, outros “300 suspeitos foram interrogados e 160 presos”, ainda alegando que “operaram no hospital evitando danos aos pacientes, funcionários e equipamentos”.
24hr operational update:
📍Shifa Hospital
IDF and ISA forces eliminated approx. 90 terrorists, questioned 300 suspects and transferred 160 for questioning.
Forces located weapons and operated while preventing harm to patients, staff and equipment.📍Northern Gaza
An IAF…— Israel Defense Forces (@IDF) March 20, 2024
O posicionamento israelense não é contradito apenas pelo grupo palestino Hamas, mas também por testemunhas.
Em entrevista ao canal catari Al Jazeera, o cirurgião norueguês Mads Gilbert, ex-funcionário do Al-Shifa, compartilhou relatos de seus colegas presentes no complexo hospitalar durante a invasão israelense.
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Pessoas deslocadas utilizam hospital para abrigo em meio à guerra
Ele disse que a equipe médica foi presa e deixada durante horas no frio e que o exército de Israel registrou seus rostos com uma câmera e os levou para o que ele descreveu como “investigações humilhantes”.
“Alguns foram obrigados a deixar o hospital e levados para lugares desconhecidos. Outros foram deslocados para o sul, seminus”, disse Gilbert. “Um médico levou um tiro no peito quando seguiu as ordens para deixar o hospital e mais tarde foi submetido a uma cirurgia no Hospital Al-Ahli Arab”.
Gilbert disse que em seus “ataques repetidos”, o exército israelense não diferencia “entre combatentes e equipe médica, pacientes e refugiados”.
Como resultado da operação de segunda-feira, o Hospital al-Shifa deixou novamente de funcionar, segundo o médico, colocando em risco a vida dos palestinos no norte de Gaza.
Apesar das constantes alegações sobre unidades de saúde serem utilizadas pelos militantes do Hamas, o grupo palestino Hamas e a equipe médica do Al-Shifa negam que o hospital seja usado para fins militares ou para abrigar combatentes.
(*) Com Brasil de Fato