O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado (24/08) que estuda convocar para consultas o embaixador brasileiro na França, Luís Fernando Serra, após as críticas do francês Emmanuel Macron sobre a condução de Brasília na crise ambiental na Amazônia.
Questionado por repórteres se o faria, o presidente afirmou que falou com o chanceler Ernesto Araújo sobre a viabilidade de fazê-lo. “Conversei com o Ernesto, estamos avaliando”, disse.
A convocação de um embaixador para consultas não significa um rompimento de relações, mas é um gesto de alta voltagem diplomática que é normalmente utilizado para exprimir incômodo ou desconforto com um país estrangeiro. Caso ocorra, o posto brasileiro em Paris ficaria, temporariamente, sem representante oficial.
Bolsonaro também disse que está sendo “educado” com Macron, mas que não iria ligar para o francês. “Depois do que ele falou a meu respeito, você acha que vou falar com ele? Eu estou sendo muito educado, porque ele me chamou de mentiroso”, afirmou.
Na sexta (23/08), o presidente francês disse que o brasileiro havia mentido para ele durante a reunião do G20, em junho deste ano, quando os dois conversaram sobre preservação ambiental.
Marcos Corrêa/PR
Bolsonaro diz que cogita chamar embaixador do Brasil na França para consultas
No dia anterior, Macron já havia afirmado que “a crise internacional” gerada na Amazônia será discutida em caráter de urgência na reunião do G7, que acontece neste final de semana em Biarritz, na França.
A chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, apoiaram declarações do francês, aumentando a intensidade da crise entre Brasil e alguns dos principais atores europeus.
Na sexta, o presidente norte-americano Donald Trump conversou com Bolsonaro e ofereceu ajuda para controlar as queimadas.
Acordo comercial
A Irlanda, junto com a França, defendeu que o acordo entre Mercosul e União Europeia não fosse assinado por causa da política ambiental do governo Bolsonaro. Alemanha e Espanha são a favor de que o acordo seja mantido.
Ainda neste sábado, o presidente da Comissão Europeia, Donald Tusk, disse achar “pouco provável” que um acordo comercial fosse assinado nas atuais condições. “Certamente, nós apoiamos o acordo UE-Mercosul. Mas é difícil imaginar um processo de ratificação enquanto o governo brasileiro consentir a destruição dos pulmões verdes [Amazônia]”, disse, ao chegar a Biarritz.