Pelo menos 123 dos 234 migrantes resgatados pelo navio Ocean Viking, recebidos em Toulon, no sul na França, na semana passada, não poderão continuar no país. O anúncio foi feito pelo representante jurídico do Ministério do Interior francês, Charles-Edouard Minet, nesta sexta-feira (18/11), durante uma audiência do Conselho de Estado. Ele não especificou se os estrangeiros seriam expulsos.
Os 189 adultos que estavam no barco, e que desembarcaram na cidade francesa no dia 11 de novembro, foram colocados em uma zona de espera provisória e ouvidos pelos funcionários da agência francesa de Proteção aos Refugiados e Apátridas (Ofpra). O órgão analisa se os migrantes preenchem os critérios como requerentes de asilo, e os autoriza, ou não, a continuar no território.
Os 40 menores desacompanhados que estavam no navio ficarão sob a tutela dos serviços franceses de proteção da infância. No entanto, pelo menos 26 já fugiram.
De acordo com o representante do Ministério do Interior, a Ofpra autorizou, até agora, a entrada de 66 pessoas. Os migrantes serão enviados para onze países europeus que se dispuseram a recebê-los após o desembarque na França. Entre eles, está a Alemanha, a Finlândia e Portugal.
No início da semana, o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, afirmou na Assembleia Nacional que pelo menos 44 migrantes voltariam para seus países assim que estivessem em “condições físicas apropriadas.” A agência francesa, entretanto, ainda não havia terminado de entrevistar os estrangeiros.
Twitter/ SOS MEDITERRANEE
De acordo com representante do Ministério do Interior, Ofpra autorizou entrada de 66 pessoas no país
Cooperação com a Itália
O governo francês afirmou, nesta sexta-feira, que, apesar do “gesto perverso” da Itália, espera manter a cooperação com o país e o objetivo é encontrar soluções eficazes para a imigração. O governo da nova premiê italiana de extrema direita, Giorgia Meloni, se recusou a receber o navio Ocean Viking em seus portos.
Como os migrantes foram recebidos pela França, eles entrarão na cota anual de concessão de asilo estabelecida para o país, que integra o acordo de cooperação para a imigração da União Europeia, segundo o palácio do Eliseu, sede da Presidência francesa.
Marine Le Pen, líder na Assembleia Nacional do partido de extrema direita Reunião Nacional, criticou o governo francês. Em uma entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, nesta quarta-feira (16/11), ela declarou que as acusações do Executivo francês contra a Itália “são profundamente injustas”, e equivalem a uma “rejeição à democracia”.
Os ministros do Interior da UE se reúnem no próximo dia 25 de novembro em Bruxelas para discutir a política migratória após a crise franco-italiana. A França exige a adoção de dispositivos que proporcionem um “melhor controle das fronteiras externas e mecanismos de solidariedade”.