O novo ministro do Interior da Itália, Matteo Piantedosi, anunciou na ´´ultima sexta-feira (04/11) a primeira medida do governo da premiê Giorgia Meloni para lidar com os 179 migrantes resgatados ao sul da Europa pelo navio Humanity 1, da entidade SOS Humanity.
O anúncio é feito em meio a crise humanitária gerada pelo governo italiano ao se negar receber outros dois navios migrantes vindos do Mediterrâneo. As embarcações Ocean Viking, operada pela ONG SOS Méditerranée e Geo Barents, esperam em alto mar pela designação de um porto seguro para atracar, colocando em risco a vida de mais de 700 pessoas.
“A Humanity, que está entrando em águas italianas em frente a Catânia, recebe ordem de ancorar e poderá permanecer em águas italianas para atender emergências de caráter sanitário”, declarou Piantedosi em coletiva de imprensa.
O ministro explicou que as autoridades italianas vão cuidar somente “de todas as pessoas necessitadas, como gestantes ou crianças”.
“Respeitamos as pessoas e as necessidades humanitárias: mas após a verificação, as pessoas que não regressarem terão que permanecer a bordo e retornar às águas internacionais”, concluiu.
A primeira medida do novo governo italiano no âmbito da crise migratória foi divulgada após reunião do Conselho de Ministros e provocou a reação do vice-premiê e ministro da Infraestrutura, Matteo Salvini.
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Piantedosi afirmou que pessoas não foram gestantes ou crianças "terão que permanecer a bordo e retornar às águas internacionais"
“Como sempre, garantiremos o resgate e a assistência, mas proibimos a permanência de ONGs estrangeiras em águas territoriais italianas”, disse o líder do partido ultranacionalista Liga, acrescentando que “defender a Itália não é um crime, mas um dever”.
Normas internacionais de navegação determinam que pessoas resgatadas em alto mar devem ser obrigatoriamente levadas ao porto seguro mais próximo. No entanto, o governo não quer ceder aos pedidos de desembarque dos quase mil náufragos em três navios diferentes que estão parados há dias no Mediterrâneo e para os quais as ONGs pedem o desembarque imediato.
Atualmente, apenas navios de ONGs humanitárias realizam resgates no Mediterrâneo Central, a rota migratória mais mortal do mundo, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
De acordo com dados do Ministério do Interior, a Itália já recebeu 87.370 migrantes entre janeiro e novembro de 2022. No mesmo período de 2021, foram 54.373 e 29.569 em 2020.
O mês em que o maior número de migrantes chegou ao território italiano foi agosto (16.822), sendo que a maioria veio do Egito (17 mil pessoas), seguido pela Tunísia, Bangladesh, Síria e Afeganistão. No total, o país recebeu 9.930 menores até agora: eram 10.053 em 2021, 4.687, em 2020.
(*) Com Ansa