As autoridades italianas prenderam nesta quarta-feira (08/03) o quarto suposto contrabandista do barco com migrantes, cujo naufrágio na costa de Cutro, na região da Calábria, em 26 de fevereiro, causou a morte de 72 pessoas e dezenas de desaparecidos.
Trata-se de um cidadão turco, Gun Ufuk, de 28 anos, que após o naufrágio conseguiu fugir. Segundo apuração, ele foi localizado na Áustria.
O pedido de prisão preventiva contra Ufuk foi expedido pela juíza de instrução de Crotone, Michele Ciociola, após a validação das detenções dos outros três supostos traficantes de seres humanos – um turco e dois paquistaneses, sendo um menor de idade,
Ufuk teria sido a pessoa responsável da tarefa de conduzir a embarcação que colidiu contra rochas e lançou ao mar os migrantes a bordo,
Além disso, o cidadão turco teria também desempenhado as funções de mecânico, intervindo várias vezes quando o motor da embarcação apresentava avarias.
De acordo com relatos, Ufuk foi identificado por agentes do esquadrão aeronáutico de Crotone e da seção aeronaval da polícia financeira, após ter conseguido fugir em um bote depois do naufrágio.
Um outro suposto traficante, cidadão de 30 anos também da Turquia, teria morrido no naufrágio, informaram alguns dos sobreviventes,
Hoje, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, afirmou que “o drama de Cutro foi causado por uma manobra repentina dos contrabandistas que, preocupados em encontrar a Guarda de Finanças e a Guarda Costeira na costa, desviaram e acabaram em um banco de areia e algumas rochas causando a morte de tantas pessoas”.
Twitter/MSF Sea
Naufrágio na costa de Cutro, na região da Calábria, em 26 de fevereiro, causou a morte de 72 pessoas e dezenas de desaparecidos
“Precisamos de uma visão mais internacional do problema da imigração, bem como da ONU e a União Europeia”, declarou o chanceler.
A fala de Tajani vai na mesma linha das declarações da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que se reuniu também nesta quarta-feira com seu homólogo holandês, Mark Rutte, a fim de cobrar respostas da União Europeia para o combate ao tráfico humano.
A premiê italiana voltou a dizer que esse é um “problema europeu” e que deve ser enfrentado de maneira conjunta pelos países-membros do bloco.
Rutte seguiu na mesma linha e disse que a questão dos fluxos migratórios “pede uma abordagem europeia eficiente”.
Apesar do posicionamento do governo italiano diante do naufrágio ocorrido e da crise migratória enfrentada pelo país em novembro passado, a Frontex, agência da União Europeia para controle de fronteiras, declarou que emitiu um alerta à Itália sobre uma embarcação superlotada que navegava no Mediterrâneo, referindo-se ao barco que afundou em 26 de fevereiro.
O naufrágio ocorreu em um trecho que não é monitorado pelas ONGs humanitárias do Mediterrâneo Central, alvos de um decreto antimigratório do governo de Giorgia Meloni que dificultou suas atividades de resgate.
(*) Com Ansa