O jornalista Breno Altman apresentou o programa 20 MINUTOS desta quarta-feira (08/03), no dia Internacional da Mulher, com a participação de Manuela d’Ávila, com o tema: por que o fascismo odeia as mulheres?
“O 8 de março tem esse gosto, para nós mulheres feministas, como um aniversário amargo. É um dia de muita reflexão, mas de um certo cansaço e frustração. Somos mais e temos mais espaço do que tínhamos há 20 anos, mas parece que estamos sempre longe de chegar e não tentando olhar as razoes profundas das violências contra as mulheres”, declara a filiada ao Partido Comunista do Brasil.
Falando sobre a resistência à extrema direita de Bolsonaro feita pelas mulheres desde 2018, a jornalista formada pela PUC/RS afirma que há tentativas de apagar as mulheres dessa manifestação. “O ‘Ele não’ tinha mulheres de todos os campos políticos que diziam não ao bolsonarismo e à extrema direita”.
D’Ávila acredita que “vamos levar muitos anos pra reconhecer o papel das mulheres e das pessoas negras durante o processo de eleição do presidente Lula” em 2022. “Se não fossem as mulheres, não teríamos vencido essa eleição. e isso se da por varias questões relacionadas à desigualdade que é fortemente feminina no nosso pais, mas também relacionada ao fato de que a construção social das mulheres é mais ferida pelo que representa o bolsonarismo”.
Flickr/Manuela d’Ávila
Jornalista e escritora Manuela d’Ávila é convidada de Breno Altman no 20 MINUTOS desta quarta-feira (08/03)
Questionada por Altman por que o fascismo e seus derivados mais modernos odeiam as mulheres e o feminismo, D’Ávila lembra, primeiramente, que esse tema está relacionado ao que o fascismo é: “uma resposta que o capitalismo oferece como saída para suas crises”, segundo ela.
“Nos momentos de crise, as saídas que o capitalismo oferece são sempre diminuições de investimentos do Estado. Porém, o Estado faz mais diferença na vida das mulheres do que na vida dos homens. A desorganização do Sistema Único de Saúde (SUS) em um município, por exemplo, não é igual para a vida de mulheres e homens. Isso é uma das razões pelas quais temos uma ascensão do movimento feminista durante esse momento de crise estrutural do capitalismo”, completa a entrevistada.