Enquanto o governo italiano trava embates com ONGS de resgate no Mediterrâneo, autoridades do país acolheram cerca de 500 migrantes em uma operação de busca e socorro na costa da Sicília, no sul do país, nesta segunda-feira (07/11).
Mais de 250 pessoas foram levadas em embarcações da Guarda Costeira para Augusta, enquanto demais migrantes, sobretudo mulheres e menores de idade, serão transferido para Pozzallo – ambas as cidades ficam na Sicília.
Os deslocados internacionais estavam em um barco superlotado que partira três dias atrás da Líbia, no norte da África. Como os migrantes foram resgatados pela própria Itália, não deve se repetir o impasse verificado com quatro navios de ONGs humanitárias que operam no Mediterrâneo.
Os navios Geo Barents, de Médicos Sem Fronteiras, que socorreu 572 migrantes no mar; Ocean Viking, da SOS Méditerranée, com 234; Humanity 1, da SOS Humanity, com 179; e Rise Above, da Mission Lifeline, com 90 aguardam decisão do governo da premiê italiana Georgia Meloni sobre acolhimento.
Até o momento, a Itália já autorizou o desembarque de 502 pessoas salvas pelo Geo Barents e pelo Humanity 1, que estão atracados no porto de Catânia, um contingente formado sobretudo por menores de idade e suas famílias.
No entanto, os navios de MSF e da SOS Humanity ainda abrigam 214 e 35 migrantes, respectivamente, que foram impedidos de descer, enquanto as outras duas embarcações, há dez dias aguardando, sequer receberam autorização para atracar.
Também nesta segunda-feira três migrantes a bordo do navio Geo Barents se jogaram no mar para tentar chegar em terra firme. Os deslocados internacionais nadaram até uma boia e depois foram resgatados pelas autoridades e levados para o cais ao lado da embarcação.
A linha dura contra as ONGs é capitaneada pelo ministro da Infraestrutura Matteo Salvini, responsável pela gestão dos portos italianos. Na última sexta-feira (04/11), o representante mencionou que “respeita as pessoas e as necessidades humanitárias, mas após verificação, pessoas que não regressarem terão que permanecer a bordo e retornar às águas internacionais” ao falar sobre medida do governo italiano em acolher alguns deslocados, mas ordenar retorno dos demais.
Normas internacionais de navegação determinam que pessoas resgatadas em alto mar sejam levadas ao porto seguro mais próximo, mas a Itália quer que os países de origem dos navios humanitários – Alemanha e Noruega – se responsabilizem pelos migrantes.
Atenção a refugiados do clima em conferência da ONU
Em meio à crise migratória vivida na Europa, o alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi, alertou na abertura oficial da COP27 também nesta segunda-feira, para o crescente número de pessoas obrigadas a deixar suas casas devido à crise climática.
“Não podemos deixar que milhões de deslocados e quem os abriga enfrentem sozinhos as consequências das mudanças climáticas”, declarou o italiano em nota.
“70% dos refugiados e deslocados do mundo são provenientes dos países mais vulneráveis ao clima, como Afeganistão, República Democrática do Congo, Síria e Iêmen. São países com um interesse enorme nas discussões sobre a crise climática, mas que frequentemente acabam excluídos”, acrescentou Grandi.
O alto comissário ainda disse que somente “uma ação corajosa e um aumento massivo dos financiamentos para a mitigação e adaptação climática podem aliviar as consequências humanitárias atuais e futuras da crise”.
(*) Com Ansa
Twitter/SOS Humanity
Mais de 250 pessoas foram levadas em embarcações da Guarda Costeira para Augusta, outros migrantes serão transferido para Pozzallo