Nesta sexta-feira (08/03) na Itália ocorre greve geral convocada por diversos sindicatos no Dia Internacional dos Direitos da Mulher. As reivindicações são múltiplas, desde a luta contra a violência e discriminação salarial até contra as políticas do governo de extrema-direita de Giorgia Meloni, a primeira mulher a chefiar um Executivo na Itália.
Os sindicatos elencaram os vários motivos da paralisação das atividades neste 8 de março. Segundo eles, a greve é contra todas as formas de violência física, psicológica e moral, contra toda discriminação salarial e profissional, contra todas as guerras e o aumento dos gastos militares e a favor de serviços públicos de qualidade, trabalho estável, aumentos salariais em relação ao custo de vida, saúde e segurança social.
O comunicado também afirma: “É mais importante do que nunca sair às ruas para gritar a dissidência a todas as formas de opressão contra as mulheres e contra as políticas familiares, racistas e nacionalistas deste governo, que alimentam a exploração e a violência. A greve é também uma oportunidade para pedir medidas sérias e urgentes para combater o interminável rastro de sangue dos feminicídios, um fenômeno intolerável para um país que se afirma civilizado” conclui a nota.
Relação de Giorgia Meloni com as mulheres
Giorgia Meloni se define com o lema “mulher, mãe, italiana, patriótica e cristã”, semelhante ao lema da extrema-direita “Deus, pátria e família”. Porém, ela mesma faz questão de ser chamada com o artigo masculino, o Presidente do Conselho de Ministros, em vez de a Presidente do Conselho de Ministros, o primeiro-ministro, em vez de a primeira-ministra, o premiê em vez de a premiê.
Nestes 17 meses como chefe de governo, Meloni não trouxe benefícios significativos para as mulheres. Ela prometeu incentivos para as mães, com a esperança de reverter o índice de natalidade da Itália, um dos mais baixos do mundo. Em 2023, o número médio de nascimentos por mulher é estimado em 1,25. Mas as promessas não foram cumpridas.
As creches públicas diminuíram em vez de aumentarem. Na Itália, para cada cem crianças, apenas 27 conseguem vagas em creches públicas. Meloni prometeu também aulas gratuitas para o segundo filho, porém um quarto das mulheres italianas nem sequer tem o primeiro filho.
O governo aprovou o bônus para mães, mas apenas para trabalhadoras com contrato permanente e com, pelo menos, dois filhos. Portanto, poucas mulheres podem usufruir. Além disso, seu governo anunciou cortes nos impostos (IVA) sobre produtos para a primeira infância e cuidados femininos, mas acabou mantendo os tributos.
Medidas para prevenir a violência contra as mulheres
Os fundos destinados à prevenção da violência contra as mulheres diminuíram 70%. Eram 17 milhões de euros no governo anterior chefiado por Mario Draghi, agora são 5 milhões de euros. O governo de Giorgia Meloni endureceu as penas para os culpados de cometer violência contra mulheres, mas isso significa punir depois, esquecendo de prevenir, ou seja, educar primeiro.
Segundo o Departamento de Segurança Pública da Itália, 120 mulheres foram assassinadas no país durante o ano de 2023. Portanto, a cada três dias morre uma mulher vítima de feminicídio na Itália. A maioria delas foi morta pelo companheiro ou ex-companheiro.
Discriminação salarial entre homens e mulheres na Itália
De acordo com o Relatório Global sobre Desigualdades de Gênero de 2023, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, na Itália, a diferença salarial entre homens e mulheres no sistema privado é de quase 8 mil euros por ano, o equivalente a cerca de 43 mil reais.
Os cálculos foram feitos com informações do último Observatório do Instituto Nacional de Previdência Social sobre os trabalhadores do setor privado. O salário médio anual para o gênero masculino é de 26.227 euros e para o gênero feminino a 18.305 euros.