O número de denúncias de discriminação na Alemanha caiu em 2021 em relação ao ano anterior, mas ainda assim é a segunda maior cifra anual desde 2006, quando foi fundada a Agência Antidiscriminação da Alemanha (ADS).
Um relatório do governo divulgado nesta terça-feira (16/08) revelou que, ao longo do ano passado, a ADS recebeu 5.617 denúncias de atos discriminatórios, de diversos tipos.
Desse total, 37% dos casos estavam associados ao preconceito racial, enquanto 32% tinham a ver com incapacidades físicas ou doenças crônicas.
Já a discriminação com base no gênero representa 20% das denúncias, e 10% dizem respeito à idade. Além disso, 9% dos casos envolviam religiões e crenças, e outros 4% eram relacionados à orientação sexual.
A leve queda nos registros em relação ao ano anterior – 6.383 denúncias – é atribuída à diminuição das queixas associadas à pandemia de covid-19, sendo muitas das quais motivadas pela obrigatoriedade do uso de máscaras.
“O número é alarmante”
Ao apresentar o relatório à imprensa nesta terça, a recém-nomeada comissária federal antidiscriminação da Alemanha, Ferda Ataman, alertou que a discriminação continua a ser um problema latente no país.
“O número de casos de discriminação revelados para nós é alarmante”, disse Ataman. Por outro lado, ela observou que cada vez mais pessoas passaram a não tolerar a discriminação e a procurar ajuda ao registrar esses casos.
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O recorde de denúncias de discriminação foi registrado em 2020, com 6.383 casos
A comissária lançou um apelo ao governo alemão para que ofereça às vítimas melhores oportunidades para assegurarem seus direitos, uma vez que a situação atual impõe alguns obstáculos.
Ela sugere, por exemplo, que os prazos finais para as queixas sejam ampliados de oito semanas para um ano. Ataman citou o exemplo de mulheres vítimas deabusos sexuais no trabalho, que muitas vezes precisam de um tempo maior para processar o crime e relatá-lo às autoridades.
Cifras reais são maiores
A comissária alertou ainda que o problema é mais disseminado do que demonstram as estatísticas oficiais. Em entrevista à emissora ARD na manhã desta terça-feira, ela citou um estudo paralelo que afirma que 13 milhões de pessoas sofreram discriminação nos últimos cinco anos na Alemanha.
No mês passado, Ataman foi confirmada no cargo pelo Bundestag (Parlamento alemão) em meio a protestos de alguns parlamentares, que a acusaram de ser uma ativista de esquerda e de “desprezar a ameaça islamista”.