ONU pede ao Peru informe sobre violações aos direitos humanos nos protestos
Carta do Alto Comissariado de Direitos Humanos afirma ter recebido diversas denúncias de entidades locais sobre excessivo número de mortos e feridos registrados desde dezembro
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos enviou uma carta ao Ministério de Relações Exteriores Peru nesta terça-feira (01/03) solicitando um informe sobre os registros de violações aos direitos humanos cometidos durante os protestos que vêm se realizando com frequência no país desde dezembro passado.
O documento endereçado a chanceler Ana Gervasi Díaz pede que o governo peruano informe o organismo a respeito de violações como o uso excessivo da força e ações deliberadas para colocar em risco a vida dos manifestantes.
O pedido está respaldado em uma série de denúncias apresentadas ao comissariado, enviadas por entidades defensoras dos direitos humanos no Peru, como a Coordenadora Nacional de Direitos Humanos (CNDDHH), que mantém um registro diário dos casos oficiais de mortes durante os protestos.
Atualmente, essa pesquisa reconhece que a repressão policial aos protestos resultou em 62 mortes de manifestantes. Também se reconhece o falecimento de um policial por reação dos grupos mobilizados contra a repressão.
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Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU solicitou informe do governo do Peru sobre violações cometidas no país
Segundo o Alto Comissariado, também há um grande número de denúncias sobre a existência de um grande número de indígenas e de camponeses que sofreram detenções arbitrárias, alguns deles acusados de “terrorismo” por autoridades locais.
Entre as informações solicitadas pela entidade ligada à Organizações das Nações Unidas (ONU) estão o protocolo de atuação das forças policiais peruanas para contenção de manifestações populares, os dados referentes a utilização de instrumentos de dissuasão, como balas de borracha e bombas de gás, além de vídeos que demonstrem como se utilizam esses materiais na prática durante os atos.
A presidente Dina Boluarte nega o uso de violência excessiva por parte da polícia peruana durante os protestos, mas reconhece as mortes que se produziram nesses atos.
Segundo sua versão [que também é a versão da Polícia Nacional Peruana, PNOP], as vítimas foram mortas por “pessoas ligadas a grupos mais radicalizados que fazem parte dos protestos”, os quais a mandatária considera como “terroristas”.
