Sábado, 24 de maio de 2025
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Encerradas as urnas da Super Tuesday, o primeiro grande momento das primárias nos Estados Unidos, em que se elegeram 1,357 delegados (aproximadamente um terço) à convenção do Partido Democrata, surgem os primeiros resultados significativos para a escolha do candidato democrata à Casa Branca e os primeiros sinais de como poderá ser o resto da campanha das primárias.

Joe Biden ganha nos estados mais conservadores e se beneficia da desistência de três dos candidatos mais à direita nos últimos dias. Por outro lado, Bernie Sanders vence no Vermont, Colorado e Utah e conquista uma vitória expressiva na Califórnia e nos distritos mais urbanizados. 

Porém, a insistência de Elisabeth Warren em manter-se na corrida impediu a vitória de Bernie em estados importantes como o Massachussets e Texas.

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Joe Biden ganha nos estados mais conservadores

Joe Biden conquista uma vitória clara nos estados mais conservadores e mais rurais: Virginia, Tennessee, Minnesota, Arkansas, Alabama, Carolina do Norte e Oklahoma. Uma das grandes surpresas é o estado do Minnesota onde Amy Klobuchar, senadora local que liderava as sondagens naquele estado, desistiu na véspera da Super Tuesday a favor de Joe Biden. 

Com uma votação residual até agora e com grandes possibilidades de ganhar pelo menos um estado, a desistência de Klobuchar é um sinal da urgência do establishment do Partido Democrata em concentrar todos os votos em Biden e derrotar Bernie Sanders e o seu movimento para transformar o partido. 

Para além de Klobuchar, também as desistências de Buttigieg e Steyer, dois dos candidatos mais à direita no Partido Democrata, nos dias que antecederam as eleições, ajudou a reforçar a posição de Biden. 

Em sentido contrário, no Massachussets, a outra vitória surpresa da noite para Biden, onde Elisabeth Warren, candidata mais à esquerda, é senadora e arrecadou um terceiro lugar com mais de 20% dos votos, impossibilitou a vitória antecipada de Sanders. O mesmo sucedeu no Texas, onde Biden venceu pela margem mínima. 

Se tivesse havido concentração do voto à esquerda como aconteceu à direita, Bernie teria sido o vencedor da Super Tuesday. Tal não aconteceu e agora as contas complicam-se e avizinha-se uma campanha disputada até ao fim. 

Biden venceu entre conservadores, Sanders abriu vantagem na Califórnia, e a campanha milionária Bloomberg só venceu na Samoa Americana

Reprodução

Bernie continua a ser a esperança da classe trabalhadora norte-americana

Bloomberg revela-se um fracasso 

O bilionário Michael Bloomberg, que financiou a sua própria campanha com mais de 500 milhões de dólares gastos majoritariamente em anúncios publicitários, foi o grande derrotado da noite. 

Baseado na ideia de que só um milionário democrata poderia retirar o bilionário Trump da Casa Branca, Bloomberg tinha na Super Tuesday o seu primeiro grande teste. Apesar de ter ganho o pequeno círculo da Samoa  Americana, que apenas elege 4 delegados à convenção democrata, não obteve votações expressivas em nenhum estado com exceção da Califórnia. 

Uma derrota estrondosa que demonstra que o financiamento da campanha não é sinônimo de voto popular e que a escolha de um bilionário para derrotar Trump não colhe entre os democratas. Bloomberg está definitivamente fora da corrida à Casa Branca e ficará na história com o pior investimento de sempre em campanhas eleitorais.

Sanders mantém a esperança dos mais pobres

A Califórnia é o maior estado da Super Tuesday e Bernie Sanders ficou atrás de Hilary Clinton em 2016. Na noite passada, Bernie mudou o voto do estado mais representativo do país, que elege 415 delegados à convenção democrata, e foi o claro vencedor da noite na costa leste. 

Com uma campanha porta a porta e uma insistência no voto do eleitorado latino-americano, Bernie obteve uma vitória importante para o que falta do resto das primárias. Concentrado em deslocar o Partido Democrata à esquerda numa das regiões mais progressistas do país, o senador do Vermont festejou na costa do Pacífico a vitória de uma agenda transformadora, assente nos serviços públicos de saúde e educação, numa uma política anti-guerra, pró-imigração e de proteção social.

No confronto com o establishment do Partido Democrata, agora mais do que nunca concentrado em Biden, Bernie continua a ser a esperança da classe trabalhadora norte-americana que quer derrotar Trump em novembro.

O resultado na Califórnia deixa tudo em aberto para o que falta das primárias e abre a esperança para o que falta da campanha. Se Elisabeth Warren desistir nos próximos dias, Bernie tem todas as condições para reforçar a concentrar em si todos os votos da ala esquerda do Partido Democrata para a corrida que falta até verão.