Atualizada às 21h52
Os candidatos Andrés Arauz, da coalizão progressista União pela Esperança (UNES), e Guillermo Lasso, direitista do Movimento CREO, disputarão a Presidência do Equador no segundo turno, indicam os resultados de pesquisas de boca de urna do pleito realizado neste domingo (07/02).
Segundo pesquisa divulgada pelo instituto Clima Social, Arauz, que é apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa, obteve 36,2% dos votos, enquanto Lasso, um empresário de 65 anos, teve 21,7%. Em terceiro lugar aparece Yaku Pérez, candidato indígena pelo partido Pachakutik, que teria 16,7%.
Outro instituto, o Cedatos, também divulgou uma pesquisa boca de urna que indica um segundo turno entre Arauz e Lasso. Segundo esta sondagem, o candidato de esquerda obteria 34,9% dos votos, enquanto o direitista conquistaria 20,9%. Pérez também aparece em terceiro, com 17,9%.
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As pesquisas foram divulgadas pelos jornais equatorianos El Comercio e La Hora, e pela emissora multiestatal TeleSur.
Caso os cenários se confirmem, Arauz seguirá a disputa com Lasso no dia 11 de abril. Segundo a Constituição do Equador, para vencer a eleição presidencial no primeiro turno, o candidato deve obter mais de 50% dos votos ou mais de 40% dos votos, abrindo 10 pontos percentuais de vantagem sobre o segundo colocado.
Resultados de la Encuesta Boca de Urna Andrés Arauz 36.2%, Guillermo Lasso 21.7% , Yaku Pérez 16,7%. @UnCafeConJJ
— Clima Social EC (@ClimaSocialEc) February 7, 2021
A apuração oficial já começou e pode ser acompanhada pelo site do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) equatoriano. Uma contagem rápida dos resultados feita pelo CNE havia sido prometida para às 19h locais (21h de Brasília), mas o órgão eleitoral já descartou esse prazo.
Pelo Twitter, Arauz disse que sua coalizão teve um “triunfo contundente em todas as regiões do país”. “Felicitações ao povo equatoriano por essa festa democrática. Vamos esperar os resultados oficiais para sair e festejar”, disse.
O candidato à vice-presidência na chapa de Arauz, Carlos Rabascall, também comentou o desempenho e afirmou que são “a primeira força política do país”. “Mais uma vez, o povo equatoriano se pronunciou de maneira categórica sobre seu desejo de recuperar o futuro”, disse.
Rafael Correa, ex-presidente do país que apoia a candidatura de Arauz, se pronunciou após o fechamento das urnas e disse que “a Revolução Cidadã ganhou de forma avassaladora, apesar da campanha suja e dos quatro anos de perseguição e infâmias”.
“Agora é esperar pelos resultados oficiais. Tomara que possamos vencer no primeiro turno pelo bem do país”, disse.
Reprodução
Pesquisa divulgada pelo instituto Clima Social indica que Arauz obteve 36,2% dos votos, enquanto Lasso, um banqueiro de 65 anos, teve 21,7%
O cenário das eleições
As eleições presidenciais deste ano foram marcadas por um cenário de disputas jurídicas por candidaturas, denúncias prévias de fraude e suspeitas de possíveis suspensões do pleito.
A candidatura de Andrés Arauz, um economista de 35 anos que trabalhou no governo do ex-presidente Rafael Correa, promete trazer o “correísmo” de volta ao comando do país. Isso porque a política equatoriana foi palco de um rearranjo nos posicionamentos entre esquerda e direita após Lenín Moreno, atual presidente, que era vice de Correa, abandonar sua plataforma de governo depois de eleito, em 2017, e aplicar medidas neoliberais.
“A traição de Moreno” é o termo mais utilizado pelos apoiadores de Arauz para definir os movimentos do mandatário e destacar o compromisso de retomada dos projetos iniciados durante os mandatos de Correa que começaram em 2007.
A esquerda ainda acusa Moreno de ter iniciado uma perseguição judicial contra quadros progressistas que se mantiveram fiéis aos projetos e propostas iniciadas durante os anos de Correa. O lawfare, termo utilizado para indicar o uso da justiça com finalidades políticas, foi denunciado pelos setores da esquerda nos casos da prisão do ex-vice-presidente Jorge Glas e nos processos contra Correa, que hoje vive na Bélgica, podendo ser preso se voltar ao Equador.
No caso do ex-presidente, os processos voltaram à tona durante a campanha eleitoral após Correa tentar se candidatar a vice na chapa de Arauz e ser impedido pela Justiça equatoriana.
Além das contendas judiciais que atravessam o jogo político do país, os candidatos chegam à disputa diante de uma crise sanitária provocada pelo novo coronavírus, uma política de cortes e austeridade iniciada por Moreno e as fortes mobilizações populares contra a plataforma neoliberal do governo, com destaque para as marchas indígenas de 2019.