O candidato de esquerda à Presidência do Equador, Andrés Arauz, da coalizão União pela Esperança (Unes), disse que terá um resultado “muito maior” do que os divulgados por pesquisas boca de urna na tarde deste domingo (07/02) após o fechamento dos postos de votação das eleições gerais no país.
“O resultado oficial será muito maior do que os de boca de urna. Essas pesquisas também não contemplam os votos no exterior, onde teremos um resultado avassalador”, disse Arauz.
Em pronunciamento realizado ao lado de seu candidato a vice, Carlos Rabascall, Arauz ainda pediu prudência na divulgação dos resultados, lembrou que as pesquisas boca de urna não são resultados oficiais e disse que irá esperar os números do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para “festejar” a vitória.
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Duas pesquisas de boca de urna foram divulgadas por institutos privados na tarde deste domingo indicando um segundo turno entre Arauz e Guillermo Lasso, um empresário de direita que concorre à Presidência pela terceira vez.
Segundo o Clima Social, o candidato de esquerda teria conquistado 36,2% dos votos, enquanto o empresário alcançaria 27,7%. Em terceiro lugar aparece Yaku Pérez, candidato indígena pelo partido Pachakutik, que teria 16,7%.
Outro instituto, o Cedatos, também divulgou uma pesquisa boca de urna indicando um segundo turno entre Arauz e Lasso. Segundo esta sondagem, o candidato de esquerda obteria 34,9% dos votos, enquanto o direitista conquistaria 20,9%. Pérez também aparece em terceiro, com 17,9%.
Caso o cenário se confirme, Arauz seguirá a disputa com Lasso no dia 11 de abril. Segundo a Constituição do Equador, para vencer a eleição presidencial no primeiro turno, o candidato deve obter mais de 50% dos votos ou mais de 40% dos votos, abrindo 10 pontos percentuais de vantagem sobre o segundo colocado.
A apuração oficial já começou e pode ser acompanhada pelo site do CNE. Uma contagem rápida dos resultados havia sido prometida para às 19h locais (21h de Brasília), mas o órgão eleitoral já descartou esse prazo.
AFP/Télam
Após pesquisas de boca de urna indicarem segundo turno, candidato de esquerda disse que terá resultados maiores com dados oficiais
O cenário da disputa
As eleições presidenciais deste ano foram marcadas por um cenário de disputas jurídicas por candidaturas, denúncias prévias de fraude e suspeitas de possíveis suspensões do pleito.
A candidatura de Andrés Arauz, um economista de 35 anos que trabalhou no governo do ex-presidente Rafael Correa, promete trazer o “correísmo” de volta ao comando do país. Isso porque a política equatoriana foi palco de um rearranjo nos posicionamentos entre esquerda e direita após Lenín Moreno, atual presidente, que era vice de Correa, abandonar sua plataforma de governo depois de eleito, em 2017, e aplicar medidas neoliberais.
“A traição de Moreno” é o termo mais utilizado pelos apoiadores de Arauz para definir os movimentos do mandatário e destacar o compromisso de retomada dos projetos iniciados durante os mandatos de Correa que começaram em 2007.
A esquerda ainda acusa Moreno de ter iniciado uma perseguição judicial contra quadros progressistas que se mantiveram fiéis aos projetos e propostas iniciadas durante os anos de Correa. O lawfare, termo utilizado para indicar o uso da justiça com finalidades políticas, foi denunciado pelos setores da esquerda nos casos da prisão do ex-vice-presidente Jorge Glas e nos processos contra Correa, que hoje vive na Bélgica, podendo ser preso se voltar ao Equador.
No caso do ex-presidente, os processos voltaram à tona durante a campanha eleitoral após Correa tentar se candidatar a vice na chapa de Arauz e ser impedido pela Justiça equatoriana.
Além das contendas judiciais que atravessam o jogo político do país, os candidatos chegam à disputa diante de uma crise sanitária provocada pelo novo coronavírus, uma política de cortes e austeridade iniciada por Moreno e as fortes mobilizações populares contra a plataforma neoliberal do governo, com destaque para as marchas indígenas de 2019.