Quarta-feira, 11 de junho de 2025
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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, chamou de “mentiroso” o jornal brasileiro O Globo após a publicação de matérias que falavam sobre o cartão eleitoral do país. Durante o seu programa Con Maduro + do dia 22 de abril, o mandatário mostrou o chamado “tarjetón” em que a sua imagem aparece 13 vezes.

Segundo Maduro, o jornal brasileiro teria insinuado que a medida do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) seria de uma “ditadura” e representaria uma “hegemonia”.

Uma reportagem publicada no site de O Globo no dia 9 de abril, afirma que o candidato aparece em 13 oportunidades “na fileira de maior destaque”. Já a edição televisiva do Jornal da Globo do mesmo dia diz que “não há nenhum candidato de oposição nesta cédula”.

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Maduro tem 13 fotos registradas no cartão eleitoral, já que as leis eleitorais venezuelanas determinam que a distribuição e posição dos candidatos seja feita com base nos votos que cada partido recebeu na eleição legislativa. Em 2020, a coalizão que apoia a candidatura de Maduro, Grande Polo Patriótico, recebeu 69,34% dos votos. Ao todo, 13 partidos fazem parte do grupo em 2024 e, por isso, o candidato à reeleição aparece em 13 oportunidades.

Já pelo lado da oposição, no momento em que foi apresentado o cartão eleitoral, havia 24 fotos de candidatos opositores e estavam distribuídas em 12 candidaturas. Hoje, são 9 candidatos opositores, já que Manuel Rosales, Juan Carlos Alvarado e Luis Ratti desistiram de concorrer para apoiarem outros postulantes. Depois de dois meses de disputa em torno da candidatura da coalizão Plataforma Unitária, o nome forte da direita neste momento é Edmundo González Urrutia, apresentado pelo grupo. Ele recebeu o aval do governador de Zulia, Manuel Rosales, e da ultraliberal María Corina Machado, que disputaram o protagonismo da direita nestas eleições.

Prensa Presidencial
Segundo lei eleitoral, distribuição das imagens em cartão é feita de forma proporcional ao resultado das eleições legislativas

Durante o programa, Maduro chegou a comparar a cédula de votação deste ano com a das últimas eleições que o ex-presidente Hugo Chávez disputou. Na ocasião, Chávez aparecia com 12 fotos, enquanto a oposição tinha direito a 24 espaços, mesmo número que tem em 2024.

Oposição busca votos

Apesar do consenso dos dois opositores em torno do nome, Edmundo González Urrutia é um nome desconhecido da política e dos venezuelanos. Nunca disputou um cargo eletivo, não costuma dar entrevistas e sequer faz publicações nas redes sociais desde 2017. A falta de conhecimento do público em torno de Urrutia foi a aposta dos grupos opositores, mas tira peso político na disputa.

O nome de Urrutia aparecia apenas uma vez quando o cartão foi divulgado. Com a desistência de Rosales para apoiá-lo, ele deve ter agora mais 3 fotos.

A cédula eleitoral é divulgada desde 1993 com essa disposição. Ela é apresentada aos eleitores que escolhem um candidato e votam em uma urna eletrônica. Além de registrado no sistema, o voto ainda é impresso e depositado pelo próprio eleitor em uma outra urna para a checagem dos votos de cada colégio eleitoral. O pleito está marcado para 28 de julho, dia em que o ex-presidente Hugo Chávez completaria 70 anos.

Nesta sexta-feira (03/05), o CNE terminou a primeira etapa de auditoria do processo eleitoral. Foram checadas as urnas eletrônicas e o sistema de contagem de votos. O órgão também divulgou a revisão do registro eleitoral. Segundo o CNE, foram contabilizados 604.964 novos registros e 847.999 mudanças de local de votação.