Israel iniciou o cerco e o bombardeio de Rafah, uma cidade que atualmente abriga 1,4 milhão de pessoas – quase metade delas crianças –, em sua maioria refugiados que atualmente vivem em tendas improvisadas e instalações da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA). A cidade, localizada na fronteira com o Egito, abriga grande parte da população deslocada pelos bombardeios israelenses e por sua invasão terrestre.
A França juntou-se aos apelos da Alemanha, Holanda, Reino Unido e EUA para que o governo de Benjamin Netanyahu interrompa os ataques à superpovoada Rafah, uma cidade que abrigava apenas 150 mil habitantes antes do início da operação de extermínio israelense, mais de 80 mil deles em campos de refugiados.
O governo de Macron, alinhado com Israel e seu “direito de defesa” desde o início da ofensiva contra a população civil palestina de Gaza, declarou no domingo (11) que um ataque maciço a Rafah causaria um “desastre”, especialmente para as centenas de milhares de pessoas deslocadas pelos bombardeios. Paris também destacou que Rafah é um “ponto vital” para a entrega de ajuda internacional, o que criaria “um desastre humanitário de uma dimensão nova e injustificável”. O Ministério das Relações Exteriores da França disse em um comunicado que “se opõe a qualquer deslocamento forçado” e que a solução do conflito é “um Estado palestino vivendo lado a lado com Israel em paz e segurança”.
Em uma conversa telefônica entre o presidente Joe Biden e Netanyahu em 11 de fevereiro, os Estados Unidos pediram a Israel que se abstivesse de uma operação militar que poderia se transformar em um novo massacre contra a população civil. Biden chegou ao ponto de qualificar a campanha militar de Israel em Gaza como “excessiva”. Dois terços da conversa de 45 minutos se concentraram na libertação das 136 pessoas capturadas pelo Hamas.
Mazur / catholicnews.org.uk
Crianças palestinas em campo de refugiados em Rafah, Gaza, em 2014
De acordo com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, os ataques planejados contra Gaza podem ter “consequências devastadoras para 1,4 milhão de pessoas que não têm para onde ir e quase nenhum lugar para encontrar assistência médica”.
Já para o primeiro-ministro israelense, pedir às suas forças armadas que não entrem no “último bastião do Hamas” é como pedir que “não ganhem a guerra”. Netanyahu se limitou a afirmar que tem “um plano detalhado” para garantir que os ataques não afetem os civis e para solicitar a evacuação de 1,4 milhão de pessoas que vivem em Rafah, uma cidade que, ao sul, faz fronteira com um Egito fechado e, ao norte, com uma Gaza devastada.
Enquanto isso, em Rafah, o Ministério da Saúde relatou os primeiros ataques à cidade, com pelo menos 67 pessoas mortas. Essas mortes se somam aos 100 mortos na operação das Forças de Defesa de Israel (IDF) que conseguiu resgatar dois israelenses de origem argentina capturados pelo Hamas em 7 de outubro, nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira (12). De acordo com uma declaração do Hamas, o bombardeio israelense matou outros dois reféns e feriu mais oito.
Em mais de quatro meses de bombardeio, 28.177 palestinos foram mortos por ataques israelenses, sem contar as milhares de pessoas enterradas sob escombros. Pelo menos 67.784 ficaram feridos e 85% da população foi deslocada à força.