A organização Monitor Euromediterrâneo de Direitos Humanos divulgou esta semana um relatório estimando que entre 24 mil e 25 mil crianças de Gaza se tornaram órfãs devido a guerra causada por Israel na Palestina ocupada.
De acordo com o relatório do grupo sediado em Genebra, essas crianças perderam um ou ambos os pais após o dia 7 de outubro de 2023, quando uma incursão da resistência palestina liderada pela Hamas matou cerca de 1.200 pessoas em Israel. Os dados apontam também que 640 mil criaças ficaram desabrigadas após suas casas serem destruídas parcial ou totalmente por Israel.
O futuro educacional e de formação das crianças palestinas também é uma incógnita, à medida que o relatório denuncia que 217 escolas foram danificadas ou destruídas. Segundo o portal oficial do Monitor Euromediterrâneo, o número de mortos em Gaza chega a 23.012, dentre os quais 9.077 crianças. Milhares continuam desaparecidos sob os escombros.
Já segundo o Ministério da Saúde da Palestina, são cerca de 20 mil palestinos mortos, dos quais metade são crianças.
Ainda de acordo com a organização, soldados israelenses estariam transformando escolas em centros militares de detenção e, inclusive, execução. O Monitor Euromediterrâneo relatou ter recentemente recentemente testemunhos de execuções e assassinatos em campo de civis palestinos detidos dentro de escolas em que haviam buscado refúgio.
De acordo com testemunhos recolhidos pela ONG, de detidos recentemente libertados, incluindo menores de idade, as forças israelenses teriam retirado os detidos das suas casas, os despido e atacados com armas de fogo, cabos eléctricos e água fria.
Muhammad Mahmoud Aslim, de 16 anos, disse à organização que as Forças de Defesa de israel (IDF) invadiram a casa da sua família no bairro de Al-Shuja’iya, a leste da cidade de Gaza, depois de terem ficado presos durante uma semana inteira sem comida e água.
Alaric Seven/Flickr
Criança palestina entre escombros de sua casa em Gaza, novembro 2023
Após o reinício da guerra, Catherine Russell, diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância, alertou que Gaza é mais uma vez “o lugar mais perigoso do mundo para ser criança”.
A agência estimou que cerca de 52.450 crianças e menores sofreram de estresse em 2023, enquanto 13.000 tiveram sinais de depressão. A ONG Defense for Children International-Palestine (Defesa das Crianças Internacional-Palestina) afirmou, no início novembro, que as forças de ocupação mataram duas vezes mais crianças palestinas na Faixa de Gaza em outubro do que o número total de crianças palestinas mortas na Cisjordânia ocupada e em Gaza juntas desde 1967.
Ato em São Paulo
Neste contexto, na Avenida Paulista, ocorrem atos nesta sexta-feira (15/12) com a presença de diversas organizações e artistas em defesa das crianças palestinas.
“O pedido é que os manifestantes levem brinquedos e sapatinhos de crianças, simbolizando presentes às crianças de Gaza, simbolizando o que deveria ser entregue às crianças, numa denúncia de que Israel, ao contrário, está jogando bombas sobre elas”, disse a Opera Mundi a jornalista palestina-brasileira Soraya Misleh.
A partir das 19h até às 21h ocorrerá a vigília pelas crianças palestinas para lembrar as vítimas do genocídio em curso. Os manifestantes pedem “cessar-fogo imediato, fim da limpeza étnica, apartheid e colonização, rumo à Palestina livre do rio ao mar”, afirmou Misleh.