O governo da província de Buenos Aires, chefiado pelo peronista Axel Kicillof, não descarta emitir sua própria moeda caso perca financiamento por conta do ajuste econômico anunciado pelo novo presidente ultraliberal Javier Milei.
Carlos Bianco, que é ministro de Governo da região, alertou que as Cartas Magnas da província e da nação argentina dão esse aval para tal medida. “É algo que a Constituição nacional nos permite, que a provincial também, e que tem a ver com os pactos pré-existentes à formação do Estado nacional”, disse Bianco nesta quinta-feira (14/12) à Rádio El Destape.
Por mais que as Constituições permitam a manobra, o ministro foi cauteloso, afirmando que o governo de Kicillof ainda não está avançando nesse projeto, mas que irá analisar “se é necessário”, assim como olhar para as “oportunidades, os meios e conveniência”.
“Por enquanto não estamos avançando nessa direção (…), mas se considerarmos que é uma ferramenta que pode aliviar um certo déficit de liquidez ou de crédito na província, será avaliado como tal. Hoje não”, esclareceu Bianco.
Buenos Aires é a principal província do país, com quase metade da população e mais de um terço do Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina. Nesse sentido, Bianco apontou que o governo tem como “obrigação e responsabilidade institucional” defender os interesses do povo da província.
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Ajuste anunciado pelo governo Milei prevê uma maxidesvalorização da moeda nacional
De acordo com o jornal Página 12, a questão monetária é um poder que a província de Buenos Aires detinha antes da unificação territorial da Argentina. E, por conta disso, preservou nas Constituições.
Bianco avaliou ainda as medidas anunciadas pelo ministro da Economia do país, Luis Caputo, como um “ajuste ortodoxo clássico e uma desvalorização das mais fortes que houve na história da Argentina”.
Nesta semana, o novo governo argentino anunciou um pacote econômico, que visa a maxidesvalorização da moeda, reduzir subsídios, suspender publicidade estatal e ainda o cancelamento de obras públicas.
Além disso, o chamado “plano da motosserra” de Milei incluiu no seu plano de ajustamento, com o qual pretende “evitar uma catástrofe”, a redução “ao mínimo” de transferências do Estado para as províncias, que muitas vezes dependem destas contribuições para pagar salários e outras coisas.
(*) Com RT en Español.