A África do Sul acusou formalmente Israel de cometer genocídio contra o povo palestino e pediu à Corte Internacional de Justiça (CIJ) que emita uma ordem para que cesse as operações militares que já mataram mais de 23 mil pessoas em três meses. Nessa quinta-feira (11/01) ocorreu o primeiro dia de audiências referentes à denúncia em Haia.
Para o país denunciante, a falta de “impunidade” a Israel encorajou as Força de Defesa do país a “repetir e intensificar os seus crimes contra a humanidade na Palestina”.
A acusação sul-africana denuncia que Israel “se envolveu, está envolvido e corre o risco de continuar se envolvendo em atos de genocídio” contra o povo palestino em Gaza. A África do Sul pede que os juízes ordenem “urgentemente” que Israel “suspenda imediatamente suas operações militares” no território palestino.
A abertura da audiência foi com o ministro da Justiça da África do Sul, Ronald Lamola, Em sua sua fala, ele disse que a opressão do povo palestino não começou após os ataques do Hamas, no dia 7 de outubro de 2023, argumentando que já dura anos.
Lamola também citou que atitudes e omissões genocidas do Estado de Israel são parte contínua de “atos ilegais perpetrados contra palestinos desde 1948”. “A resposta de Israel ao ataque de 7 de outubro de 2023 ultrapassou esta linha e dá origem a violações da convenção”, disse ele ao tribunal.
O ministro recordou Nelson Mandela, que é um símbolo da luta contra o apartheid na África do Sul, ao falar sobre o sofrimento do povo palestino. O país governado atualmente por Cyrill Ramaphosa tem importantes laços históricos e políticos de solidariedade com a Palestina.
UN News
Denúncia frisa que este é 'primeiro genocídio cujas vítimas documentaram ao vivo a sua própria destruição'
Os juristas sul-africanos frisaram ainda que este é o “primeiro genocídio cujas vítimas documentaram ao vivo a sua própria destruição”. “Gaza representa um fracasso moral. Este fracasso terá repercussões, não só para os palestinos em Gaza, mas também para as gerações futuras. O mundo deveria ter vergonha”, afirmaram os juristas.
Crise humanitária em Gaza
A operação militar israelense em Gaza resultou em uma crise humanitária e sanitária na região. Hospitais já foram bombardeados, os palestinos estão sem acesso à água e outras necessidades básicas.
É estimado que 91% dos residentes na Faixa de Gaza foram obrigados a abandonar suas casas e buscar refúgios por conta da ofensiva de Israel.
Nesse sentido, a fala na audiência frisou que a situação na região é “tão grave que especialistas preveem que mais pessoas em Gaza poderão morrer de fome e de doenças”. “Pessoas mortas são deixadas para trás, algumas são comidas por animais. Temos de parar a dizimação do povo de Gaza”, defende a acusação sul-africana.
Agora, representantes de Israel vão se manifestar nesta sexta-feira (12/01). No entanto, é esperado que o caso possa se estender por anos.