A mais recente pesquisa divulgada pela plataforma israelense The Institute for National Security Studies (O Instituto para Estudos de Segurança Nacional, definida pela sigla INSS), na quarta-feira (13/03), revelou que a ideia da “solução de dois Estados”, a qual prevê a coexistência pacífica dos Estados independentes de Israel e da Palestina, tem perdido apoio entre o público adulto judeu que reside em Israel.
O instituto publicou um gráfico que aborda a opinião pública judaica entre 2015 a 2024. De acordo com a pesquisa, a taxa de pessoas que se opõem à “solução de dois Estados” cresceu ao longo de uma década, tendo sua maior variação entre 2022 (51%) a 2024 (65%) — especialmente após a intensificação das operações militares israelenses na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, que seguem em curso em todo o território palestino.
Simultaneamente, a pesquisa revela que a taxa de judeus que apoiam a tese também tem caído ao longo dos anos, tendo uma queda mais expressiva também no mesmo período entre 2022 (49%) e 2024 (35%).
Para os resultados de 2024, ano em que se verifica a maior taxa de oposição e a menor de apoio em relação à “solução de dois Estados”, o levantamento liderado pelo INSS contou com a pesquisa da iniciativa israelense Words of Iron (Palavras de Ferro) realizada entre 7 e 10 de março deste ano.
A entrevista de caráter remoto incluiu a participação de 500 judeus em Israel, entre homens e mulheres com mais de 18 anos. A margem de erro para a amostra é de quatro pontos percentuais, com um nível de confiança de 95%.
A “solução de dois Estados”
Ao longo do conflito, diversos países deram declarações apoiando a “solução de dois Estados”. A ideia é, inclusive, defendida pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva que, em seus discursos, considera a alternativa como “crucial para alcançar a paz na região”.
No entanto, a solução é tida como uma questão complexa e rejeitada pelo Hamas, uma vez que a divisão da Palestina histórica em dois Estados já era debatida desde o seu surgimento e sua implementação parcial gerou consequências complexas.
O território de Israel, Faixa de Gaza e Cisjordânia, como conhecemos hoje, já esteve sob domínio de diversas nações ao longo da história. Após a Primeira Guerra Mundial e a queda do Império Otomano, que até então tomava a área, o controle passou a ficar nas mãos do Império Britânico.
Em 1917, o Reino Unido formalizou a Declaração de Balfour, uma carta que consistia no estabelecimento da Palestina como o território para os judeus. Com a expansão da população judaica no Oriente Médio, as tensões com os residentes árabes começaram a crescer, principalmente após o fim da Segunda Guerra Mundial.
A “solução de dois Estados” foi criada em 1947, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou um plano para dividir a Palestina em duas áreas, sendo uma destinada à população judaica e outra à árabe, com o objetivo de atenuar a crise entre os povos.
Um ano depois da decisão do órgão internacional e a saída do Reino Unido no território, o Estado de Israel foi consolidado, mas a criação do Estado Palestino ficou na teoria. E pelo contrário, iniciou-se uma guerra regional envolvendo outras nações, como Egito, Jordânia, Síria, Líbano e Iraque, na qual Israel venceu e consolidou a sua independência.
A Faixa de Gaza ficou sob domínio do Egito, enquanto a Cisjordânia sob domínio da Jordânia, sem a fundação oficial do Estado Árabe em nenhum território.
Tempos depois, em 1957, eclodiu-se a Guerra dos Seis Dias, um ataque surpresa de Israel contra o Egito, Síria e Jordânia, que tinha como objetivo ocupar as áreas de Gaza e Cisjordânia. Com a vitória, a população árabe ficou sob o domínio israelense, o que posteriormente foi condenado pela ONU e que, consequentemente, pediu a saída de Israel de ambos os territórios.