Em conversa telefônica, nesta segunda-feira (18/03), o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e o presidente norte-americano Joe Biden entraram em acordo para que Israel envie a Washington uma equipe composta de oficiais militares, além de funcionários de inteligência e trabalhadores humanitários, com o objetivo de “ouvir as preocupações” dos Estados Unidos envolvendo os planos operacionais direcionados a Rafah, no sul da Faixa de Gaza.
A informação foi revelada à imprensa pelo conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, que também confirmou o assassinato do “número três” do Hamas, Marwan Issa, ocorrido na semana passada durante uma operação militar israelense.
“Israel fez progressos significativos contra o Hamas. Eles quebraram um número significativo de batalhões do Hamas, mataram milhares de combatentes, incluindo comandantes seniores. O número três do Hamas, Marwan Issa, foi morto em uma operação israelense na semana passada. O resto dos principais líderes estão escondidos, provavelmente nas profundezas da rede de túneis do Hamas e a justiça virá para eles também”, afirmou Sullivan.
Ainda de acordo com o conselheiro da Casa Branca, embora Biden tenha reafirmado o “direito” de Israel em combater o Hamas em Gaza, dentro de uma “estratégia coerente e sustentável”, o mandatário também teria rejeitado a postura do premiê israelense ao que se referiu como uma “falácia do espantalho”.
“O presidente rejeitou a ‘falácia do espantalho’ de que levantar questões sobre Rafah é levantar questões sobre a derrota do Hamas, isso é um absurdo”, disse Sullivan, referindo-se às frequentes declarações de Netanyahu de que “se opor a uma grande operação militar israelense em Rafah é o mesmo que se opor à derrota total do Hamas”, acrescentando que Biden acredita na existência de alternativas para “acabar com a ameaça terrorista de Gaza e não atacar Rafah”.
Rafah é justamente um dos pontos que tem causado divergências entre as autoridades israelense e norte-americana. A cidade fronteiriça com o Egito é onde mais de 1,5 milhão de palestinos estão abrigados atualmente, sendo a maioria deslocada de forma forçada em decorrência dos ataques do exército de Israel.
Na semana anterior, Biden havia acusado Netanyahu de “prejudicar mais do que ajudar” Israel, orientando-o a “pensar duas vezes” antes de lançar a próxima fase da operação militar contra os palestinos em Rafah.
As declarações do mandatário norte-americano irritaram a autoridade de Tel Aviv, que reforçou que as suas políticas para Gaza são apoiadas “pela maioria da população” de Israel.
“Não sei exatamente o que o presidente [Biden] quis dizer. Mas se ele quis dizer que estou adotando políticas privadas contra os desejos da maioria dos israelenses, e que isso está ferindo os interesses de Israel, então ele está errado”, disse Netanyahu, na ocasião.