O Partido dos Trabalhadores publicou uma nota nesta terça-feira (17/10) criticando as acusações feitas pela Embaixada de Israel no Brasil ao partido, em função de uma resolução divulgada no dia anterior que condenava os ‘crimes de guerra’ cometidos por Tel Aviv contra a população de Gaza.
A réplica petista – assinada pela presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, e pelo secretário de Relações Internacionais, Romênio Pereira – afirma que “é totalmente falsa e maliciosa a interpretação que a Embaixada de Israel no Brasil faz e divulga em nota oficial sobre a Resolução do PT, divulgada nesta segunda (16/10), que condenou sim ‘os ataques inaceitáveis, assassinatos e sequestro de civis, cometidos tanto pelo Hamas quanto pelo Estado de Israel’”.
“Também se advertiu que a retaliação do governo de Israel configura ‘um genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra’, como o corte de água potável, energia, alimentos e remédios, além de bombardeios contra a população civil”, completou a nota do PT.
Para o partido, a declaração da embaixada israelense é “um ataque injustificável a um partido que ao longo de sua história abriga militantes palestinos, árabes e judeus e defende a coexistência dos Estados de Israel e da Palestina” .
Posição israelense
A mensagem da Embaixada de Israel, publicada também nesta terça, disse que “qualquer pessoa que pense que o assassinato bárbaro, a violação e a decapitação de pessoas é uma posição política, ou que se trata apenas de uma luta política legítima, possui uma extrema falta de compreensão da atual situação”.
“É muito lamentável que um partido que defende os direitos humanos compare a organização terrorista Hamas, que vai de casa em casa para assassinar famílias inteiras, com o que o governo israelense está fazendo para proteger os seus cidadãos”, acrescentou a diplomacia israelense.
Ataque a hospital em Gaza
Porém, a réplica do PT destaca o fato de que “por volta das 15h30 de hoje, enquanto a Embaixada de Israel divulgava sua nota contra o PT, pelo menos 500 civis eram assassinados no bombardeio a um grande hospital em Gaza”.
“Quem representa no Brasil o governo que fez um ataque desta natureza não tem autoridade moral para falar em direitos humanos. Todos têm direito a defender seu povo, mas a busca por justiça não se confunde com vingança nem pode se dar por meio da Lei de Talião”, ressalta a nota da legenda governista.
Ademais, o PT lembrou em seu texto que a posição do partido “é semelhante à da porta-voz da ONU para Direitos Humanos, Ravina Shamdasani: ‘não se pode ter uma punição coletiva como resposta aos ataques horríveis (do Hamas)’”.
Agência Brasil
Presidente do PT, Gleisi Hoffman foi uma das figuras que assinou a nota do PT em resposta à Embaixada de Israel
Leia a nota do PT na íntegra:
Resposta ao Embaixador de Israel no Brasil
Nota do embaixador “é um ataque injustificável a um partido que ao longo de sua história abriga militantes palestinos, árabes e judeus e defende a coexistência dos Estados de Israel e da Palestina”
É totalmente falsa e maliciosa a interpretação que a Embaixada de Israel no Brasil faz e divulga em nota oficial sobre a Resolução do PT, divulgada ontem, a propósito da situação de Gaza.
O Diretório Nacional condenou, sim, “os ataques inaceitáveis, assassinatos e sequestro de civis, cometidos tanto pelo Hamas quanto pelo Estado de Israel”.
E advertiu que a retaliação do governo de Israel configura “um genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra”, como o corte de água potável, energia, alimentos e remédios, além de bombardeios contra a população civil.
Por volta das 15h30 de hoje, enquanto a Embaixada de Israel divulgava sua nota contra o PT, pelo menos 500 civis eram assassinados no bombardeio a um grande hospital em Gaza.
Quem representa no Brasil o governo que fez um ataque desta natureza não tem autoridade moral para falar em direitos humanos.
Todos têm direito a defender seu povo, mas a busca por justiça não se confunde com vingança nem pode se dar por meio da Lei de Talião.
A posição do PT é semelhante à da porta-voz da ONU para Direitos Humanos, Ravina Shamdasani: “Não se pode ter uma punição coletiva como resposta aos ataques horríveis [do Hamas]”.
Afirmar que o PT considera “o assassinato bárbaro, a violação e a decapitação de pessoas luta política legitima”, como faz a nota da embaixada, é uma atitude inaceitável por parte de quem tem a responsabilidade de representar no Brasil um país amigo.
É um ataque injustificável a um partido que ao longo de sua história abriga militantes palestinos, árabes e judeus e defende a coexistência dos Estados de Israel e da Palestina.
Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores
Romênio Pereira, secretário de Relações Internacionais do PT
Leia também a nota da Embaixada de Israel:
Posição da Embaixada de Israel após as declarações do Partido dos Trabalhadores (PT):
Qualquer pessoa que pense que o assassinato bárbaro, a violação e a decapitação de pessoas é uma posição política, ou que se trata apenas de uma luta política legítima, possui uma extrema falta… pic.twitter.com/7nGlwfkbwe
— Israel no Brasil (@IsraelinBrazil) October 17, 2023