O porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, declarou neste domingo (14/04), que “99% dos ataques” do Irã direcionados ao país na noite do último sábado (13/04) foram interceptados pelo sistema de defesa, conhecido como Domo de Ferro, e por bases de aliados estratégicos na região, como os Estados Unidos, a Jordânia e o Reino Unido.
Direcionados ao Sul de Israel, a mais de mil quilômetros do Irã, os projéteis levaram horas para se aproximar do território israelense, e até às 5h45 do domingo (23h45 em Tel Aviv), após as sirenes de atenção aos cidadãos tocarem. Segundo as Forças Armadas, foram praticamente todos interrompidos, classificando os resultados da ação como “danos mínimos”.
Iran’s wide-scale coordinated attack demonstrates it poses not only a regional threat but an international one.
Together with a defense coalition of international partners, we achieved a successful interception of 99% of aerial threats launched by Iran.
We stand strong…
— Israel Defense Forces (@IDF) April 14, 2024
O representante especificou que alguns dos mísseis e drones foram derrubados pelas forças israelenses quando sobrevoavam a Síria e a Jordânia — antes, portanto, de chegarem ao espaço aéreo do país.
Com a afirmativa de que nenhum projétil violou o espaço aéreo de Israel, o diretor da Organização de Defesa de Mísseis de Israel (IMDO), Moshe Patel, declarou que “os quase 40 anos de investimento em defesa contra mísseis de longo alcance finalmente valeram a pena”, destacou o jornal local The Jerusalem Post.
A defesa foi reiterada pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por meio das redes sociais. O mandatário, que em outubro iniciou a ofensiva em Gaza por declarar guerra contra o grupo de resistência palestina Hamas, escreveu: “fomos interceptados. Juntos venceremos”.
יירטנו. בלמנו.
יחד ננצח 🇮🇱— Benjamin Netanyahu – בנימין נתניהו (@netanyahu) April 14, 2024
No entanto, segundo a imprensa local, ao menos 31 pessoas, incluindo um menino de 10 anos e uma menina de 7, ficaram gravemente feridos por estilhaços devido ao ataque noturno. Uma base da força aérea ao Sul de Israel, em Nevatim, foi levemente atingida, mas opera normalmente.
“Objetivos atingidos” e negativa à escalada do conflito
Por sua vez, o chefe das Forças Armadas do Irã, Mohammad Bagheri, declarou na manhã deste domingo (14/04) que o ataque de drones contra Israel “atingiu todos os seus objetivos” e que Teerã não tem “nenhuma intenção” de prosseguir com a ofensiva, contrariando uma possível escalada do conflito na Faixa de Gaza.
O êxito da operação foi reiterado pelo chefe das forças armadas iranianas, Hossein Salami. O comandante também classificou a ação como “bem sucedida e proporcional às maléficas ações israelenses, mesmo que pudesse ter sido mais extensa”, acrescentou.
No entanto, alertou para que Tel Avi não contra ataque os disparos: “se Israel atacar os interesses, bens, personalidades ou cidadãos do Irã no futuro, atacaremos novamente o regime sionista a partir do território iraniano”.
Já o presidente iraniano, Ebrahim Raïssi, declarou, por meio das redes sociais, que a ação de “ataque a algumas bases militares do regime ocupante [de Israel]” foi “bem sucedida” e correspondeu à “legítima defesa do Irã”.
“Advirto que qualquer nova aventura contra os interesses da nação iraniana encontrará uma resposta mais pesada e lamentável”, completou o mandatário.
جمهوری اسلامی در چارچوب حق دفاع مشروع از ایران عزیز، در گام اول و در عملیاتی موفق، برخی از پایگاههای نظامی رژیم اشغالگر را هدف عملیات پهپادی و موشکی قرار داد.
هشدار میدهم که هرگونه ماجراجویی جدید علیه منافع ملت ایران با پاسخ سنگینتر و پشیمانکننده مواجه خواهد شد.— سید ابراهیم رئیسی (@raisi_com) April 14, 2024
Os ataques do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (como são conhecidas as Forças Armadas do Irã, cuja sigla é IRGC), confirmados pela agência estatal iraniana IRNA, pelas autoridades israelenses e pelos Estados Unidos, envolveram o disparo de 300 drones militares, sendo 100 mísseis balísticos e de cruzeiro.
De acordo com a imprensa iraniana, os ataques direcionados a Israel foram comemorados pelos cidadãos iranianos, que se reuniram durante à noite na capital Teerã, em especial na Praça da Palestina.
Por que o Irã atacou Israel?
A ação é considerada uma retaliação contra a destruição da embaixada do Irã em Damasco, na Síria, ocasionada por um atentado explosivo promovido por Israel no dia 1º de abril, que resultou na morte de alguns altos oficiais militares iranianos, entre eles o general Mohammad Reza Zahedi.
Horas depois do atentado à sede diplomática, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que aquela ação foi considerada pelo país como “um ataque ao nosso próprio solo” e prometeu “punição” a Israel.
Mais cedo, neste mesmo sábado, o Irã já havia apreendido uma embarcação comercial ligada a Israel no estreito de Hormuz.
Após o ataque, o Conselho de Segurança, principal instância dentro da Organização das Nações Unidas (ONU), anunciou a realização na tarde deste domingo (14/04) uma reunião de emergência para tratar da ação.
A reunião foi solicitada horas antes pelo chefe da representação de Israel na ONU, Gilad Erdan. “O ataque iraniano é uma grave ameaça à paz e à segurança mundiais e espero que o Conselho utilize todos os meios para tomar medidas concretas contra o Irã”, enfatizou o diplomata.
(*) Com Ansa e Brasil de Fato