Durante reunião neste domingo (14/04), ogabinete de Segurança de Israel “deu autoridade” ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, ao ministro de Defesa, Yoav Gallant, e ao membro da pasta de guerra Benny Gantz para que “determinem a resposta” ao Irã, após os ataques com mais de 300 drones e mísseis direcionados ao território israelense na noite do último sábado (13/04).
Segundo o jornal local The Jerusalem Post, as autoridades israelenses devem “tomar decisões relativas a novas ações contra o Irã”. No entanto, até o momento, o Exército de Israel ainda não informou nenhuma ação oficial em retaliação ao ataque.
Nesta linha, a imprensa local ainda destacou as declarações do porta-voz do primeiro-ministro Netanyahu, Ofir Gendelman. Segundo ele, a resposta de Israel ao ataque iraniano será “firme e clara”.
Em meio aos disparos de projéteis do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (Forças Armadas do Irã, cuja sigla é IRGC), Netanyahu reuniu-se com seu gabinete de guerra e divulgou uma mensagem de vídeo ao país, na qual adiantou: “quem nos causar danos sofrerá danos. Nos protegeremos de qualquer ameaça e faremos isso com firmeza e determinação”.
“Nossos sistemas de defesa estão implantados. Estamos preparados para qualquer cenário, tanto na defesa quanto no ataque”, completou Netanyahu.
Por sua vez, um funcionário de alto escalão da administração do primeiro-ministro declarou à CNN, que o governo de Israel teria decidido responder ao ataque iraniano, mas a extensão da reação ainda não foi decidida.
A mesma fonte acrescentou que Israel ainda não decidiu se desencadeará uma reação muito violenta ou se fará algo mais comedido. As diferentes opções deverão ser discutidas em detalhe durante a reunião do gabinete de guerra convocada para esta tarde.
“Objetivos atingidos” e negativa à escalada do conflito
Segundo o exército israelense, “99% dos ataques” do Irã direcionados ao país na noite do último sábado (13/04) foram interceptados pelo sistema de defesa, conhecido como Domo de Ferro, e por bases de aliados estratégicos na região, como os Estados Unidos, a Jordânia e o Reino Unido.
Direcionados ao Sul de Israel, a mais de mil quilômetros do Irã, os projéteis levaram horas para se aproximar do território israelense, e até às 5h45 do domingo (23h45 em Tel Aviv). Segundo as Forças Armadas, foram praticamente todos interrompidos, classificando os resultados da ação como “danos mínimos”.
Segundo a imprensa local, ao menos 31 pessoas, incluindo um menino de 10 anos e uma menina de 7, ficaram gravemente feridos por estilhaços devido ao ataque noturno. Uma base da força aérea ao Sul de Israel, em Nevatim, foi levemente atingida, mas opera normalmente.
Por sua vez, o chefe das Forças Armadas do Irã, Mohammad Bagheri, declarou na manhã deste domingo (14/04) que o ataque de drones contra Israel “atingiu todos os seus objetivos” e que Teerã não tem “nenhuma intenção” de prosseguir com a ofensiva, contrariando uma possível escalada do conflito na Faixa de Gaza.
O êxito da operação foi reiterado pelo chefe das forças armadas iranianas, Hossein Salami. O comandante também classificou a ação como “bem sucedida e proporcional às maléficas ações israelenses, mesmo que pudesse ter sido mais extensa”, acrescentou.
No entanto, o comalertou para que Tel Avi não contra-ataque os disparos: “se Israel atacar os interesses, bens, personalidades ou cidadãos do Irã no futuro, atacaremos novamente o regime sionista a partir do território iraniano”.
Já o presidente iraniano, Ebrahim Raïssi, declarou, por meio das redes sociais, que a ação de “ataque a algumas bases militares do regime ocupante [de Israel]” foi “bem sucedida” e correspondeu à “legítima defesa do Irã”.
“Advirto que qualquer nova aventura contra os interesses da nação iraniana encontrará uma resposta mais pesada e lamentável”, completou o mandatário.
Por que o Irã atacou Israel?
A ação é considerada uma retaliação contra a destruição da embaixada do Irã em Damasco, na Síria, ocasionada por um atentado explosivo promovido por Israel no dia 1º de abril, que resultou na morte de alguns altos oficiais militares iranianos, entre eles o general Mohammad Reza Zahedi.
Horas depois do atentado à sede diplomática, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que aquela ação foi considerada pelo país como “um ataque ao nosso próprio solo” e prometeu “punição” a Israel.
Mais cedo, neste mesmo sábado, o Irã já havia apreendido uma embarcação comercial ligada a Israel no estreito de Hormuz.
Após o ataque, o Conselho de Segurança, principal instância dentro da Organização das Nações Unidas (ONU), anunciou a realização na tarde deste domingo (14/04) uma reunião de emergência para tratar da ação.
A reunião foi solicitada horas antes pelo chefe da representação de Israel na ONU, Gilad Erdan. “O ataque iraniano é uma grave ameaça à paz e à segurança mundiais e espero que o Conselho utilize todos os meios para tomar medidas concretas contra o Irã”, enfatizou o diplomata.
(*) Com Ansa e Brasil de Fato