“O que já é uma crise massiva de deslocamentos dentro de Gaza não tem que se transformar em mais uma crise de refugiados”, declarou o alto comissário das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Filippo Grandi, durante o Fórum Global de Refugiados em Genebra, nesta sexta-feira (15/12).
Os comentários do representante levantam a possibilidade de que milhares de palestinos deslocados em Gaza fujam para o Egito à medida que as forças militares comandadas pelas autoridades de Tel Aviv avancem ao sul. Esta região é foco da fase mais recente da operação israelense, admitida pelo próprio ministro da Defesa do Estado judeu, Yoav Gallant, após o fim da trégua humanitária de sete dias entre Israel e Hamas, ocasião em que houve troca de reféns.
“Muitas [pessoas] foram deslocadas para um canto já empobrecido de uma minúscula faixa de terra. Essa violência tem que parar”, alertou o representante, com a onda de hostilidades manifestadas explicitamente pelo exército israelense contra o povo palestino.
No fórum da ONU, países e empresas prometeram mais de 2,2 mil milhões de dólares para combater a crise global de deslocamento, além de empregos para milhares de refugiados, resultando no que o chefe das Nações Unidas, António Guterres, disse que ajudaria a “conter a onda de miséria”.
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No momento, mais de 114 milhões de pessoas estão em condições de deslocamento em nível mundial, fugindo de conflitos, pobreza e mudanças climáticas. Este número marca um novo recorde para o órgão internacional. Já fazendo um recorte para o cenário na Faixa de Gaza, mais de 85% dos palestinos, agora, são considerados deslocados. Nesse contexto, a própria agência tem admitido enfrentar graves faltas de financiamento
“Como vocês sabem, este trabalho é tão importante para o mundo, mas continua enfrentando problemas”, lamentou Grandi, durante suas considerações finais. Criticou ainda aqueles que tentam “bloquear a ação humanitária multilateral por razões políticas”.
“O mundo exige uma reinicialização da humanidade e da energia para enfrentar os desafios que temos pela frente, incluindo o do deslocamento forçado”, concluiu o alto comissário da ONU para refugiados.