Nem mesmo o apelo feito pelo secretário-geral das Nações Unidas foi capaz de convencer os Estados Unidos.
A resolução do Conselho de Segurança costurada pelos Emirados Árabes Unidos, único país árabe atualmente no órgão, que pede por um cessar-fogo imediato sobre os ataques de Israel aos palestinos na Faixa de Gaza, acabou sendo vetada por Washington.
A autoridade norte-americana considerou o documento “desequilibrado” e “desconexo da realidade”, ao contrário do que o enviado árabe, Mohamed Abushahab, havia classificado: “simples e crucial’.
O representante dos Estados Unidos na ONU, Robert Wood, justificou seu voto, dizendo que o processo da elaboração entre a proposta e a votação foi “apressada” e “faltou consulta adequada”.
“Infelizmente, quase todas as nossas recomendações foram ignoradas”, afirmou o norte-americano ao vetar o projeto de resolução. “O resultado deste processo apressado foi uma resolução desequilibrada e desconexa da realidade, que não alteraria nada de forma concreta”.
Wood também mencionou que os autores do texto “se recusaram a incluir uma linguagem que condenasse o horrível ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro”.
A votação aconteceu horas depois que os líderes e representantes dos países-membros do Conselho de Segurança do órgão discursaram e se posicionaram frente ao cenário em Gaza, nesta sexta-feira (08/12). 13 membros votaram a favor e o Reino Unido se absteve. A resolução não avançou pelo único voto dos Estados Unidos que, como faz parte dos cinco integrantes permanentes do conselho, exerce o poder de veto.
Reprodução/ United Nations
‘Mais uma vez, este Conselho falhou’
Apesar da única rejeição, por parte de Washington, alguns países se manifestaram insatisfeitos com o texto apresentado na votação.
Perante o resultado, o enviado francês da ONU, Nicolas de Riviere afirmou não ver “nenhuma contradição na luta contra o terrorismo e na proteção de civis pelo direito humanitário internacional”.
“A França está muito preocupada com a tragédia humanitária que ocorre em Gaza”, disse Riviere ao justificar seu voto a favor da resolução, apesar de também ter criticado o conselho por não condenar formalmente o Hamas. “E é por essa razão que apelamos a uma trégua humanitária nova, imediata e duradoura que leve a um cessar-fogo sustentável. Este conselho falhou por falta de unidade e por se recusar a se comprometer com negociações”.
Já o Reino Unido explicou sua abstenção porque, pelo seu entendimento, o cessar-fogo significaria ignorar que o “Hamas teria cometido um ato de terror”.
“Israel precisa ser capaz de enfrentar a ameaça representada pelo Hamas e precisa fazê-lo de uma forma que respeite o direito humanitário internacional, para que ataques do tipo nunca mais se repitam”, justificou Barbara Woodward.
Rússia culpa Estados Unidos por falta de bom senso
Dmitry Polyanskiy, embaixador adjunto russo da ONU, culpou a falta de uma ação norte-americana, com poder de veto, pela devastação generalizada na Faixa de Gaza e, por consequência, uma catástrofe humanitária.
“Mais uma vez, a diplomacia americana está deixando terra arrasada”, disse o vice-enviado russo, acrescentando que Washington não conseguiu demonstrar “bom senso”.