O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, disse nesta segunda-feira (19/02) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou a operação de Israel em Gaza ao Holocausto, tem direito à sua própria avaliação do que está acontecendo, como qualquer chefe de Estado.
No último domingo (18/02), em entrevista coletiva, Lula comparou o massacre promovido pelas forças militares de Israel contra a faixa de Gaza ao holocausto promovido pela Alemanha nazista contra os judeus na Segunda Guerra Mundial.
A fala gerou uma grande repercussão. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que a declaração do presidente brasileiro teria cruzado a “linha vermelha”. Já o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, declarou que Lula é uma “persona non grata” no país.
Em visita oficial à Cuba, onde se reuniu com o ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, o chanceler russo, Serguei Lavrov, afirmou que respeita a opinião do presidente Lula, destacando que Moscou não irá reagir à fala do líder petista.
“Não responderei por outros países. Respeitamos a opinião expressa pelo líder de qualquer país e partimos do fato de que cada um tem direito à sua reação. Não reagimos a esse discurso do presidente Lula, mas vemos como, independentemente de alguém não comparar esta situação com outra, ou não compará-la, vemos como milhares de pessoas inocentes estão sofrendo”, afirmou Lavrov.
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Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, em visita ao Brasil
O chanceler russo aproveitou a oportunidade para comparar a situação humanitária da Faixa de Gaza com a crise da Ucrânia, argumentando que, em apenas cinco meses, as ações de Israel em Gaza mataram mais civis do que em todo o período do conflito ucraniano.
“Aliás, isso não é uma aritmética abstrata, mas em quase cinco meses de operação na Faixa de Gaza morreram mais civis, mais crianças, mais mulheres do que durante todo o período da operação militar especial [termo oficial do Kremlin para a guerra da Ucrânia], mesmo durante todo o período desde 2014, após o golpe na Ucrânia”, completou Lavrov.
O ministro russo ainda acrescentou que a Rússia quer ajudar a estabelecer um diálogo direto entre palestinos e israelenses. “Queremos ativamente ajudar os israelenses e os palestinos a chegarem a um acordo. Não vemos outra maneira, exceto o diálogo direto entre eles”, disse Lavrov a repórteres.
“O primeiro e imediato passo é, obviamente, um cessar-fogo. Infelizmente, os EUA continuam bloqueando quaisquer iniciativas no Conselho de Segurança da ONU que apelem a um cessar-fogo. E depois, claro, a resolução de problemas humanitários, porque não as oportunidades para entregar ajuda à Faixa de Gaza não são suficientes”, acrescentou o ministro russo.
Diante da gravidade das reações oficiais israelenses à fala do presidente Lula, foi relatado nesta segunda-feira (19), que o chanceler Mauro Vieira, convocou o embaixador israelense Daniel Zonshine para que compareça hoje ao Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro. Também foi informado que o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, será chamado de volta ao Brasil.
Vieira está no Rio para participar da reunião de ministros das Relações Exteriores do G20, que acontece nos dias 21 e 22 de fevereiro. O ministro russo Serguei Lavrov também participará da conferência.