O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Carvão da Colômbia (Sintracarbón) propôs ao governo do presidente Gustavo Petro interromper todas as exportações de carvão e qualquer outro mineral a Israel em represália aos ataques à Faixa de Gaza, que começaram em outubro e já deixaram mais de 11 mil pessoas mortas.
Em comunicado publicado no início do mês de novembro, o Sintracarbón rechaçou “qualquer ação que fira civis, ainda mais crianças, idosos e mulheres que estão sendo massacrados pela resposta do governo israelense à infame e covarde ação de um grupo que não representa a totalidade do povo palestino”.
A entidade ainda elogiou a postura do mandatário colombiano de criticar as hostilidades no Oriente Médio e pediu que Petro “suspenda os envios de carvão colombiano e de qualquer metal ou mineral a Israel como medida de pressão para que se produza um cessar-fogo imediato”.
“Convocamos o movimento sindical mundial, especialmente os sindicatos do setor mineiro e energético, para que paremos a produção de metais, minerais e combustíveis que são utilizados nestas guerras”, afirmou o sindicato.
Atualmente, o carvão mineral é o produto mais vendido da Colômbia para Israel e as exportações minerais energéticas representam a maior parte do envios. Em 2022, o país sul-americano exportou mais de 1 bilhão de dólares a Israel, cifra recorde dos últimos 10 anos que foi puxada em quase sua totalidade pelas vendas de carvão mineral.
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Sintracarbón propõe ao governo colombiano de boicotar exportações de carvão e qualquer outro mineral a Israel
As exportações no setor aumentaram ainda mais a partir de 2020, quando entrou em vigor um tratado de livre comércio assinado pelo ex-presidente Juan Manuel Santos com o governo israelense em 2015, que retirou impostos e taxas das exportações colombianas.
Petro, por sua vez, ainda não comentou a proposta do sindicato nem deu sinais de que poderia adotar tal medida. Apesar disso, o presidente tem sido duro em sua condenação aos ataques israelenses à Faixa de Gaza e já ameaçou romper relações com Israel.
A Colômbia e o Chile foram países da América do Sul que convocaram seus embaixadores em Israel para consultas, ato de desagravo no meio diplomático. Já a Bolívia decidiu romper relações com Israel por considerar a ação do país contra Gaza “agressiva e desproporcional”.
Sindicatos pelo mundo se pronunciam
A manifestação do Sintracarbón colombiano veio em conjunto com diversas ações tomadas por outras categorias ao redor do mundo. Na Espanha, o sindicato dos estivadores de Barcelona afirmou que não participará de envios de material bélico que saiam dos portos da cidade em direção a Israel.
Na Bélgica, quatro sindicatos do setor dos transportes chegaram a pedir que seus filiados não participem de operações que envolvam carregamento e envio de armas ao território israelense.
Manifestações de solidariedade ao povo palestino e apelos a um cessar-fogo também foram feitos por outras entidades sindicais pelo mundo, como o Conselho de Sindicatos da Índia, o Sindicato da Indústria Automobilística dos EUA (UAW) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Brasil.