O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) informou nesta quinta-feira (11/04) que um comboio do órgão foi atingido por tiros israelenses na noite anterior, durante a entrega de ajuda no norte da Faixa de Gaza. Trata-se da missão mais recente de uma série de obstruções enfrentadas pelos trabalhadores humanitários no enclave palestino.
“O incidente já foi discutido com as autoridades israelenses relevantes”, publicou a Unicef, em comunicado, acrescentando que os “humanitários continuam enfrentando riscos na entrega de ajuda que se destina a salvar vidas” em meio à crise enfrentada pelos palestinos.
À emissora catari Al Jazeera, a porta-voz da Unicef, Tess Ingram, contou que os veículos estavam em um “ponto de espera” – uma área designada onde os carros têm que aguardar até que um posto de controle esteja pronto para recebê-los – quando foram surpreendidos pelo ataque.
“Estávamos esperando quando começaram os tiros nas proximidades. O tiroteio partiu do posto de controle em direção a civis, que então fugiram do local. E aí, o tiroteio nos atingiu”, disse Ingram à Al Jazeera, acrescentando que três disparos chegaram a atingir o carro onde ela estava.
Segundo a porta-voz, a missão havia sido autorizada pelas autoridades israelenses e, nesse sentido, eles sabiam da existência do comboio no local. Após o tiroteio, a entrega de ajuda foi forçada a regressar a Rafah, no sul do enclave, e os suprimentos “nunca chegaram às crianças no norte de Gaza”.
“Mas não é um caso isolado. A segurança não é garantida mesmo quando tomamos todas as medidas necessárias, como vimos no trágico incidente da World Central Kitchen. Este é apenas mais um exemplo”, destacou a porta-voz do órgão.
O incidente ocorreu nove dias depois do episódio em que um comboio de ajuda humanitária da organização não governamental World Central Kitchen (WCK) foi alvo de ataques aéreos de autoria israelense, que resultou na morte de sete trabalhadores.
O caso gerou uma onda de repercussões e foi repudiado pela comunidade internacional, incluindo o Brasil e os Estados Unidos, principal nação aliada de Israel.