A posição dos Estados Unidos em impedir quaisquer resoluções no Conselho das Nações Unidas em relação à guerra na Faixa de Gaza, incluindo o projeto apresentado pelo Brasil, em 18 de outubro, foi criticada pelo primeiro vice-representante permanente da Rússia na ONU, Dmitry Polyanskiy.
O alto representante russo também avaliou como uma “hipocrisia ocidental” o endosso de países europeus a Washington, o ajuda a dar continuidade aos incessantes ataques de Israel ao povo palestino. Segundo Polyansky, os europeus têm “claras divergências” com os Estados Unidos, mas “não querem expor” para não deixar uma situação “embaraçosa” às autoridades norte-americanas.
“Os aliados dos Estados Unidos não querem deixar o país em uma situação embaraçosa e não querem mostrar discordâncias”, declarou o alto representante russo ao Sputnik News.
Reconheceu ainda que as hipóteses de adotar novas resoluções do Conselho de Segurança da ONU sobre a guerra de Gaza diminuíram por causa da posição dos Estados Unidos, uma vez que o país tem poder de veto, levando portanto a uma paralisia entre os países-membros.
“Infelizmente, parece que o Conselho de Segurança está paralisado por causa desta decisão dos EUA”, afirmou Polyansky.
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Posição de Washington no Conselho das Nações Unidas foi criticada pelo primeiro vice-representante permanente da Rússia na ONU
Em outubro, o Brasil assumia a presidência rotativa do Conselho de Segurança do ONU. O governo brasileiro havia apresentado uma resolução que solicitava a abertura de corredores humanitários na Faixa de Gaza, condenando os ataques do Hamas e pedindo pausas na guerra para atendimento aos civis e a retomada de serviços essenciais.
O texto brasileiro tinha potencial de ser aprovado, já que havia conseguido 12 votos de apoio e duas abstenções (Rússia e Reino Unido).
No entanto, o projeto foi barrado pelo veto dos Estados Unidos sob a justificativa de que ele não mencionava o “direito de autodefesa” de Israel. Para uma resolução avançar, ela deve ser aprovada por todos os membros-permanentes (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia), que têm poder de veto nas votações.
Polyansky também afirmou que a Rússia acredita que é necessária uma “cooperação internacional” que dê novos passos para o fim da guerra de Israel na Faixa de Gaza. De acordo com o representante, a única forma de evitar futuros problemas é a consolidação de dois Estados.
(*) Com Sputnik News