A Força Aérea Brasileira (FAB) tem um contrato firmando com a Israel Aerospace Industries LTD no qual está acordada a manutenção de dois drones Heron I RQ – 1150, de fabricação israelense.
O contrato estabelece a prestação de serviços, por demanda, de suporte logístico ao sistema dos aviões no valor de R$ 86 milhões.
No entanto, a deputada Fernanda Melchionna (PSOL) – que integra a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados – questiona o contrato firmando no dia 10 de março e cobrou do Ministério da Defesa detalhes sobre os valores e os serviços prestados.
De acordo com o portal Metrópoles, Melchionna indaga o porquê da negociação ter acontecido sem licitação e ressalta que “a continuidade de qualquer tipo de contrato entre Brasil e Israel se mostra como forma de financiar a continuidade do massacre histórico do povo palestino”.
Ainda segundo o portal, a parlamentar, em um dos requerimentos, solicita o relatório de atividades das aeronaves, assim como a relação de contratos vigentes com o governo de Benjamin Netanyahu.
Melchionna também questiona a existência de negociações entre a Força Aérea Brasileira e o Estado de Israel ou com “empresas israelenses de tecnologia militar, armamento ou munição”, ainda de acordo com o Metrópoles.
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Drones são equipados com câmeras de alta resolução com capacidade para atuar em longas distâncias, mesmo à noite ou com pouca luz
Os drones que estão no contrato para receberem suporte logístico foram comprados pela Polícia Federal em 2009 por R$ 27 milhões. Porém, ficaram guardados em um galpão na cidade de São Miguel do Iguaçu, no Paraná, entre 2016 e 2019, quando foram doados à FAB.
Eles são equipados com câmeras de alta resolução com capacidade para atuar em longas distâncias, mesmo à noite ou com pouca luz. Eles podem voar em grandes altitudes e acompanhar rotas aéreas usadas para o tráfico de armas e drogas, com características que dificultam sua visualização a partir da terra.
Em um segundo requerimento ao Ministério da Defesa, Melchionna pergunta se a pasta está “comprometida com o rompimento das relações comerciais com Israel”. “Se sim, de que forma?”, questiona a deputada, segundo a mídia.
“Tal informação teve repercussão pública e nos causa estranheza visto as manifestações públicas do governo federal que até então tem se posicionado publicamente a fim de reconhecer o genocídio na Faixa de Gaza realizado por Israel. Principalmente pela declaração nesse sentido feito em evento internacional pelo presidente Lula e também por Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, que em uma cerimônia pública, em Ramala, classificou como ‘ilegal e imoral’ ação de Israel em Gaza”, escreveu a deputada, citada pelo Metrópoles.
A parlamentar é uma das signatárias da carta que foi entregue ao chanceler Vieira pedindo que não fossem promulgados os “acordos de cooperação militar e de segurança assinados por Bolsonaro com Israel”.
Em dezembro de 2023, a carta enviada ao ministro das Relações Exteriores falava da eminência de um cessar-fogo urgente em Gaza, assim como uma atuação “enérgica” do governo brasileiro pelo “fim do genocídio, da ocupação e do apartheid” contra os palestinos.
Opera Mundi teve acesso à carta e ao que foi debatido na reunião entre alguns deputados e Vieira, que prometeu não dar “consequência aos acordos assinados durante o governo anterior [do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022)]”.
(*) Com Sputnik Brasil.