O Egito sedia neste sábado (21/10), na capital Cairo, uma cúpula de paz sobre o conflito no Oriente Médio entre Israel e Palestina, evento que reúne líderes de diversos países, mas não conta com a presença de Israel ou de representantes de alto escalão dos Estados Unidos.
A reunião acontece no dia da abertura da fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito em Rafah para a entrada das primeiras ajudas humanitárias à população palestina desde o início da guerra, porém enquanto o número de mortos segue crescendo.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, 4.385 pessoas já morreram em bombardeios de Israel, sendo 1.756 menores de idade e 976 mulheres, enquanto outras 13.561 ficaram feridas.
O governo israelense, por sua vez, reporta que mais de 1,4 mil indivíduos – em sua maioria civis – foram assassinados durante a incursão sem precedentes deflagrada pelo Hamas em 7 de outubro.
Confira trechos dos discursos de líderes e mandatários mundiais sobre o conflito:
Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, Egito
O presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, país que tem sido protagonista nas mediações entre Israel e Palestina, inclusive assinando a abertura da passagem em Rafah para a entrada de ajuda humanitária, começou seu discurso de abertura reconhecendo que o mundo “aguarda as posições a serem tomadas neste momento histórico delicado”.
Ao condenar as ações do conflito contra civis, o presidente manifestou sua “extrema surpresa pelo fato de o mundo estar parado, assistindo uma crise humanitária catastrófica que afeta dois milhões e meio de palestinos em Gaza”, lembrando que essa população está sujeita a “castigos coletivos, cerco, fome, pressão e deslocamento forçado e violento, que seria uma liquidação final da Palestina”.
Al-Sisi lembrou que o Egito não fechou em nenhum momento a fronteira em Rafah, “mas os repetidos bombardeamentos israelenses impediram seu funcionamento”. Nessas condições, coordenou o acordo com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a passagem dos caminhões de ajuda que chegaram na manhã deste sábado (21/10) em Gaza.
Assim, o presidente ressaltou que “uma liquidação da palestina, sem uma solução justa, não acontecerá, e não acontecerá às custas do Egito”, sugerindo que a única solução para o conflito é o respeito aos “direitos legítimos dos palestinos à autodeterminação e a viverem com dignidade e segurança, num Estado independente nas suas terras”.
Mahmoud Abbas, Palestina
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, foi o segundo a discursar, logo após o anfitrião egípcio Abdel Fattah el-Sisi. Segundo ele, a cúpula acontece “em momento em que as forças israelenses violam todas as leis humanitárias possíveis, ao atacarem civis através do bombardeamento aéreo de hospitais, escolas e abrigos”, mencionou o jornal catari Al Jazeera.
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Reunião acontece no dia da abertura da fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito em Rafah para a entrada das primeiras ajudas humanitárias
Abbas reiterou um pedido que tem feito desde o início do conflito pela criação de corredores humanitários, além de condenar os ataques a civis de ambos os lados, inclusive pelo grupo palestino Hamas, a quem Abbas apelou pela libertação dos civis israelenses sequestrados.
Além disso, o líder palestino também firmou que a população de Gaza não aceita realocações, mas vai permanecer em sua terra “quaisquer sejam os desafios”.
Cyril Ramaphosa, África do Sul
O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, declarou a seu país “mantém a firme opinião de que o ataque a civis em Israel, o cerco em curso a Gaza e a decisão de deslocar à força a população da região, juntamente com o uso indiscriminado da força através de bombardeamentos, são violações do direito internacional”.
As South Africa, we hold the firm view that the attack on civilians in Israel, the ongoing siege of Gaza and the decision to forcibly move the people of Gaza, together with the indiscriminate use of force through bombing, are violations of international law. More than that, these… pic.twitter.com/dC0MZGv18n
— Cyril Ramaphosa ?? (@CyrilRamaphosa) October 21, 2023
O mandatário africano apelou pela “cessar imediato das hostilidades”, libertação dos reféns e abertura de corredores humanitários para a população em Gaza.
“Apelamos também a um processo de negociação liderado pelas Nações Unidas para a resolução do conflito israelo-palestiniano”, concluiu o presidente.
Rei Abdullah, Jordânia
O Rei Abdullah, da Jordânia, declarou que Israel nunca é responsabilizado por suas ações em Gaza, e a comunidade internacional também não age em favor da Palestina. A informação é da Al Jazeera.
“Hoje, Israel está literalmente matando civis de fome em Gaza, mas durante décadas os palestinos têm estado privados de esperança, de liberdade e de futuro”, declarou.
“O derramamento de sangue que testemunhamos hoje é o preço de não conseguir fazer progressos tangíveis em direção a um horizonte político que traga paz tanto para os palestinos como para os israelenses”, veiculou o jornal sobre a fala do líder, que também considerou as ações de Israel como um “castigo coletivo a um povo sitiado e indefeso”.
Mauro Vieira, Brasil
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou durante a cúpula convocada pelo Egito para discutir o conflito entre Israel e Hamas, que a “simples gestão do conflito não é uma alternativa aceitável” e que a paralisia do Conselho de Segurança da ONU está trazendo consequências para a vida de milhões de pessoas.
Segundo o diplomata, que foi ao encontro representando o presidente Lula, o Brasil não vai poupar esforços para buscar um consenso multilateral para a tomada imediata de ações.
(*) Com Ansa e Brasil de Fato