O que segue em andamento, apoiado por argumentos bíblicos distorcidos pela conveniência do sionismo, é uma limpeza étnica cruel no território palestino. A Diáspora, marcada pela extrema violência, que começou nos Pogroms da Idade Média até chegar aos horrores do Holocausto levado a cabo pela Alemanha nazista, moldou o caráter e a natureza vingativa dos sionistas, em que o antissemitismo é um sentimento do qual eles não podem ignorar sem serem acusados de traidores. Esta convicção emerge hoje quando transformam a população palestina em seres que não têm o direito de viver em terras palestinas, na verdade, que não deveriam existir. Esse é o seu atual antissemitismo, insensível à dor e ao sofrimento que vêm causando.
Por esse motivo, Naftalí Bennett, ex primeiro-ministro de Israel, não só exibe a sua essência nazista como também a sua experiência em insultar e caluniar o povo palestino, chegando ao extremo ridículo de acusá-los de nazistas quando na verdade eram eles, os sionistas, que receberam apoio econômico, militar e esforço logístico da Alemanha nazista para colonizar a Palestina desde 1933 – processo de relevância assustadora que os meios de comunicação ocidentais tentam esconder.
Este apoio está registrado no Acordo de Haavara (Acordo de Transferência) que permaneceu oculto durante várias décadas depois de ter se tornado a carta de navegação do processo de colonização do território palestino. O que esse acordo trouxe? Entre outros:
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A decisão “voluntária” dos judeus de se exilarem para a Palestina com o crescimento do antissemitismo do regime de Hitler.
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Os nazistas, sinalizando um auxílio genuíno, comprometiam-se a devolver parte da riqueza confiscada aos prósperos judeus da Alemanha.
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Em troca, os sionistas prometiam colaborar com as empresas alemãs e acabar com o boicote econômico contra a economia alemã.
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Estabelecia a exigência de cada judeu interessado na “transferência” deveria ter mil libras esterlinas ou 4 mil libras em capital como garantia em caso de sucesso no processo de colonização.
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Estabelecia o compromisso nazista de treinar militarmente os judeus, incluindo a formação de paramilitares terroristas para lutar contra eventuais resistências tanto do proletariado inglês quanto a população palestina.
O Acordo Haavara foi assinado no formato de um pacto comercial entre o Terceiro Reich com Hitler e os sionistas alemães apoiados pelo movimento sionista mundial. Entre os que assinaram estavam a Federação Sionista Alemã; Banco Leumi, atualmente o mais poderoso dos bancos sionistas; a Agência Judaica para Israel e as principais autoridades econômicas da Alemanha nazista. Foi assinado em 1933 e ultrapassou prazos e vencimentos formais.
A partir de então, o acordo passou a ser administrado com cânones e códigos secretos que até hoje vemos com os atos de violência exercidos pelo Estado Sionista contra o povo palestino. O antigo chefe dos campos de extermínio nazista, Adolf Eichmann, viajou pessoalmente à Palestina em 1937, salientando nas suas memórias que “se eu fosse judeu, teria sido um fanático sionista”, o que revela o grau de identificação e admiração mútua que os nazistas sionistas e os nazistas alemães esbanjavam uns aos outros.
Twitter/State of Palestine – MFA
Faixa de Gaza tem sido atacada por Israel desde os ataques do Hamas, em 7 de outubro
Tal como mostram o seu conteúdo e alcance, o acordo acima mencionado não se assemelhava em nada a um tratado humanitário resultante de uma generosa concessão dos nazistas alemães aos “judeus alemães”. Não, nem perto disso. Foi um monstruoso “acordo comercial” para fins geopolíticos onde a crueldade e o desprezo pela vida seriam os seus principais componentes. Segundo estimativas até a data, apenas 60 mil judeus foram “transferidos” (a maioria em navios alemães onde hasteava a bandeira com a suástica) para a Palestina, que levou mais de 100 milhões de dólares (agora, 2 mil Mills) em dinheiro e capital.
Embora os nazistas tivessem preferido exterminar todos os judeus, sem exceção, nos seus crematórios, as circunstâncias recomendavam um acordo obscuro como o que temos em mãos. O boicote econômico do sionismo internacional contra a Alemanha nazista, especialmente por parte dos Estados Unidos, não era para menos. Desde então, os nazistas e os sionistas alemães tornaram-se parceiros na “conquista da terra prometida”, tornando possível uma expansão exponencial do sionismo em pleno Terceiro Reich.
Enquanto a Alemanha de Hitler se preparava para a Segunda Guerra Mundial, os sionistas organizavam a criação do Estado Israelita com os judeus que, através do acordo, conseguiram se instalar em território palestino. Mil libras em dinheiro e 4 mil em capital era a condição para quem quisesse deixar a Alemanha nazista. Nessa altura, esses montantes eram significativos e poucos tinham a quantia à disposição. Judeus que não tinham riquezas faziam parte dos pelotões armados e terroristas que o exército hitlerista estava encarregado de treinar. Mesmo assim, o Acordo Haavara poderia ser a réplica atual daquela frase bíblica pela qual “muitos seriam chamados, mas poucos seriam escolhidos” (Mateus 22:14).
Ao mesmo tempo em que o Acordo era executado, ninguém tinha dúvidas de que o futuro Estado de Israel seria uma base de operações do imperialismo norte-americano no Oriente, fato comprovado há décadas. A “autodeterminação” reivindicada pelos sionistas era apenas um clichê para consumo público.
Neste momento sombrio para o povo palestino, parece ter chegado a hora de gritar com todas as forças “solidariedade incondicional com a resistência do povo palestino!” e “repúdio total contra o Estado neonazista israelense!”. Nessa perspectiva, e frente ao silêncio cúmplice do Ocidente, o presidente colombiano Gustavo Petro disse que é “hora de parar a destruição do povo palestino, da sua liberdade e da sua cultura. Este é o momento para os democratas e progressistas exijam paz e liberdade para o povo da Palestina e de Israel.”
O governo neonazista, sem surpreender ninguém, respondeu a Petro ameaçando romper relações comerciais e, se necessário, diplomáticas com o governo colombiano que “ousou” chamar a atenção do mundo para o que está acontecendo em Gaza. Esperemos que os países que se dizem progressistas façam o mesmo, com os tons e cores que considerem adequados. Condenar o genocídio em Gaza e avançar para a plena implementação dos Acordos de Oslo é uma tarefa urgente. Nesta lógica, é preciso impor uma implementação imediata de corredores humanitários, acabando com o apartheid e denunciando Netanyahu por crimes de guerra contra o povo palestino.
(*) Nilo Meza é economista e cientista político peruano.
(*) Tradução Rocio Paik