Em menos de 24 horas, o campo de refugiados de Jabalia foi atacado mais uma vez pelas forças israelenses nesta quarta-feira (01/11). Na noite anterior, o local foi atingido, deixando pelo menos 50 mortos e 150 feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, destruindo completamente toda a estrutura do local.
De acordo com a emissora catari Al Jazeera, ainda não há um número exato de vítimas contabilizado neste segundo ataque. Muitos ainda permanecem nos escombros e continuam sendo procurados por equipes de resgate e moradores locais.
Em comunicado, o Exército israelense disse que os ataques a Jabalia mataram Ibrahim Biari, um comandante do Hamas, que foi considerado “fundamental” no planejamento e execução da ofensiva de 7 de outubro.
Já o porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, negou que qualquer comandante sênior estivesse no campo.
Países repudiam o ataque ao campo de refugiados de Jabalia
Os ataques aéreos de Israel foram denunciados por diversos Estados, inclusive pelo principal diplomata da União Europeia, Josep Borrell.
O comissário da UE para os Negócios Estrangeiros escreveu na plataforma X (antigo Twitter): “estou consternado com o elevado número de vítimas após o bombardeio por parte de Israel contra o campo de refugiados de Jabalia”.
Building on EU Council’s clear stance that Israel has the right to defend itself in line with international humanitarian law and ensuring the protection of all civilians, I am appalled by the high number of casualties following the bombing by Israel of the Jabalia refugee camp.
— Josep Borrell Fontelles (@JosepBorrellF) November 1, 2023
Em comunicado emitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, a Arábia Saudita condenou “da forma mais veemente possível os ataques desumanos por parte das forças de ocupação israelenses ao campo de refugiados de Jabalia”. Já o governo do Qatar considerou que os ataques prejudicam os objetivos de Israel para garantir a libertação dos mais de 200 prisioneiros detidos pelo Hamas em Gaza.
Twitter/Federação Árabe Palestina
Dezenas de pessoas morrem por ataque aéreo israelense contra campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza
“A expansão dos ataques israelenses na Faixa de Gaza que afetam civis, hospitais, escolas, centros populacionais e abrigos para pessoas deslocadas, é uma escalada perigosa no decurso dos confrontos, o que prejudicaria os esforços de mediação”, informou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado.
Os Emirados Árabes Unidos reafirmaram a “necessidade de um cessar-fogo imediato” e “ressaltaram que os ataques indiscriminados resultarão em ramificações irreparáveis na região”.
Por sua vez, a pasta das Relações Exteriores do Egito também condenou o ataque “desumano” de Israel, enquanto o Iêmen apelou “à comunidade internacional para tomar uma posição imediata para parar estes crimes”.
O primeiro-ministro interino do Paquistão, Anwaar-ul-Haq Kakar, apelou por um cessar-fogo, afirmando que esses atos “nunca podem ser tolerados”. “O ataque aéreo de ontem ao campo de Jabalia foi um lembrete claro das contínuas brutalidades israelenses e crimes de guerra em Gaza”, disse Kakar.
Durante um discurso nesta quarta-feira, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, pediu aos Estados muçulmanos para que cortassem as exportações de petróleo e alimentos com Israel, da mesma forma como alguns países já começaram a se distanciar de Israel. É o caso da Bolívia, que cortou relações diplomáticas na terça-feira (31/11), considerando a conduta israelense um “crime contra a humanidade”.
Ainda que 2,3 milhões de palestinos de Gaza tenham fugido das suas casas, outras centenas de milhares permanecem retidos no norte, onde tropas e tanques israelenses avançaram nos últimos dias por diversas partes da cidade de Gaza.
Até o momento, pelo menos 8.796 pessoas foram mortas em Gaza pelas forças israelenses desde o início da guerra, incluindo 3.648 crianças, de acordo com o Ministério da Saúde local, enquanto autoridades de Israel contabilizam 1.538 mortes sob os ataques do Hamas.