Dezenas de jornalistas e funcionários da imprensa já perderam a vida desde 7 de outubro, data marcada pelo início de uma intensa ofensiva israelense ao território palestino com o objetivo de “eliminar o Hamas”.
Ao menos 56 palestinos, quatro israelenses e três libaneses, foram mortos durante a cobertura do conflito, de acordo com os dados compilados pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) nesta sexta-feira (15/12).
O órgão de fiscalização da mídia informa que 11 jornalistas também foram feridos, sendo que três foram dados como desaparecidos e 19 foram presos. Funcionários da imprensa têm sido um dos principais alvos de bombardeios, ameaças, ataques cibernéticos, censura e assassinatos de familiares.
“O Comitê enfatiza que os jornalistas são civis que realizam um trabalho importante em tempos de crise e não devem ser alvo de partes em conflito”, afirmou Sherif Mansour, coordenador do CPJ para o Oriente Médio e Norte da África.
“Os jornalistas de toda a região estão fazendo grandes sacrifícios para cobrir este conflito doloroso. Os que estão em Gaza, em particular, pagaram e continuam a pagar um preço sem precedentes, além de enfrentarem ameaças exponenciais. Muitos perderam colegas, familiares e meios de comunicação social e fugiram em busca de segurança quando não há porto ou saída segura”, declarou Mansour.
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Khan Younes, sul de Gaza, é território alvo da fase mais recente da operação militar israelense
‘Uma tentativa fracassada para obscurecer a verdade’
A Federação Internacional de Jornalistas disse estar “profundamente chocada” pelos dois jornalistas que foram feridos por um míssil israelense em Khan Younis, sul de Gaza.
“Condenamos o ataque e reiteramos a nossa exigência de que as vidas dos jornalistas sejam protegidas”, pronunciou-se a entidade, em sua rede social, associando aos funcionários da emissora catari Al Jazeera que foram vítimas nesta sexta-feira: Wael Dahdouh e Samer Abudaqa.
O gabinete de comunicação social do governo de Gaza declarou que o recente ataque “se inclui no quadro de intimidação de jornalistas”, chegando a classificar como “uma tentativa fracassada de obscurecer a verdade e impedir a cobertura flagrante da mídia sobre os crimes da ocupação contra crianças, mulheres e civis”.
Já o presidente do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, Jodie Ginsberg, afirmou que a guerra em Gaza é “o conflito mais mortal para os jornalistas” já registrado pelo órgão nos últimos 30 anos.
“O papel dos jornalistas em uma situação dessas é absolutamente vital, especialmente em Gaza, onde vemos os tipos de instituições que ajudam com a documentação sobre os impactos na região”, afirmou Ginsberg, exemplificando que o trabalho midiático foi capaz de relatar a situação dos funcionários das Nações Unidas (ONU) em Gaza.
“O fracasso dos governos internacionais em pressionar pelo fim deste conflito está criando cada vez mais um verdadeiro sentimento de abandono entre a comunidade, especialmente entre a jornalística da Palestina”, afirmou o representante.