A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos votou pela censura da deputada democrata Rashida Tlaib, de Michigan, nesta terça-feira (07/11), repreendendo formalmente a única palestina-americana do Congresso por suas declarações sobre a guerra de Israel na Faixa de Gaza.
22 democratas se uniram à maioria dos republicanos para aprovar a resolução, acusando a parlamentar de “promover falsas narrativas” em torno do 7 de outubro, quando o Hamas lançou uma ofensiva contra Israel, e também ao pedir a “destruição do Estado de Israel”. A votação foi de 234 a 188 à favor da censura; quatro republicanos votaram contra a censura de Tlaib, enquanto um democrata e três republicanos se abstiveram.
A deputada Ayanna S. Pressley, democrata de Massachusetts, defendeu Tlaib e chamou a resolução de “descaradamente islamofóbica, antidemocrática e uma total perda de tempo”. Pressley, que é negra, argumentou que a medida foi proposta por republicanos “obcecados em policiar mulheres negras progressistas”.
A votação também escancarou uma divisão interna do Partido Democrata em relação ao conflito no Oriente Médio. Em meio a essas divergências, Tlaib tem sido a integrante mais ativa do Congresso a se manifestar à favor dos direitos do povo palestino.
Votação e divisão dos democratas
O deputado republicano Rich McCormick, da Geórgia, introduziu a resolução que condenou Tlaib ao argumentar que a parlamentar “defende o terrorismo”. Ele também classificou como “antissemita” a declaração dada pela deputada pedindo o “fim do sistema de apartheid que cria condições sufocantes e desumanizantes que podem levar à resistência”.
Citou também a frase “do rio ao mar” frequentemente utilizada por Tlaib, um grito de guerra pró-Palestina que foi considerado antissemita pela Liga Antidifamação:
“Tlaib impôs falsidades inacreditáveis sobre nosso maior aliado, Israel, e ao ataque de 7 de outubro”, afirmou McCormick.
Com o apoio de outros democratas ao seu lado, a deputada palestina-americana, que desde o início da guerra defendia o cessar-fogo e a entrada de ajuda humanitária em Gaza, reforçou sua posição, rejeitando quaisquer distorções e silenciamentos em relação às suas palavras e esclarecendo que suas críticas sempre foram dirigidas ao governo israelense e à sua liderança sob o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Twitter/Sou Palestina
Câmara dos Representantes dos Estados Unidos votam pela censura da deputada palestina-americana, Rashida Tlaib
Tlaib reforçou a importância de “separar as pessoas do governo”:
“A ideia de que criticar o governo de Israel é antissemita abre um precedente muito perigoso. E tem sido usado para silenciar diversas vozes que defendem os direitos humanos em todo o nosso país”, explicou a parlamentar.
O deputado Brad Schneider, de Illinois, o único democrata que se aliou aos republicanos no primeiro dia do avanço da resolução, acusou Tlaib de “dar cobertura” àqueles que usam a frase “do rio para o mar”.
Muitos democratas e alguns republicanos opositores à censura da deputada mencionaram a “liberdade de expressão” e alertaram sobre o precedente a resolução abriria:
“Esta resolução não só degrada a nossa Constituição como também barateia o significado de ‘disciplina’ neste órgão para as pessoas que realmente cometem ações ilícitas como suborno, fraude, agressão violenta e assim por diante”, argumentou o deputado Jamie Raskin, que defendeu Tlaib contra a resolução no plenário.
Na semana anterior, os democratas apoiaram Tlaib e ajudaram a derrotar a primeira resolução de censura contra ela. No entanto, desde então, muitos deles, incluindo membros judeus proeminentes, tornaram-se mais conflituosos sobre a sua retórica em relação à guerra, principalmente por causa da frase “do rio ao mar” que ela tem usado frequentemente e que é visto como um apelo à erradicação de Israel.
Com o resultado, Tlaib é agora a 26ª pessoa a ser censurada pela Câmara, e a segunda mulher muçulmana-americana no Congresso a ser formalmente advertida neste ano por suas críticas a Israel. Em fevereiro, a deputada Ilhan Omar, democrata de Minnesota, foi removida do Comitê de Relações Exteriores da Câmara por abordagens semelhantes contra a conduta israelense.