As Forças de Defesa Israelenses (FDI) utilizaram o chamado “Protocolo Hannibal” durante os ataques do grupo palestino Hamas no dia 7 de outubro do ano passado, denunciou o jornal israelense Yedioth Ahronoth. A medida pode pode ter resultado na morte de civis.
O protocolo, originalmente criado em 1986 após o sequestro de dois soldados israelenses pelo grupo libanês Hezbollah, foi mantido em sigilo por anos uma vez que estabelecia que a captura de militares por tropas inimigas fosse impedida a qualquer custo, o que incluía abrir fogo contra os capturados ou sequestrados, sejam civis ou não.
Segundo relatos obtidos pelo jornal local, a diretiva, banida em 2016 nas forças israelenses, teria sido aplicada em situações que envolviam cidadãos que não faziam parte do Exército.
A investigação aponta falhas no sistema de comando, falta de comunicação e ordens para impedir o retorno de integrantes do Hamas à Faixa de Gaza “a qualquer custo”, o que poderia ter sido interpretado como autorização para abrir fogo contra veículos, mesmo que civis estivessem presentes.
Embora o nome “Hannibal” não tenha sido explicitamente mencionado, a reportagem levanta dúvidas sobre a efetiva abolição do protocolo, desafiando as garantias do Exército de sua extinção oito anos atrás.
Israel Defense Forces/Twitter
Ataque do Hamas em Kibbutz Kfar Aza, em 7 de outubro, segundo as Forças de Defesa Israelenses
Analisando especificamente os ataques em 7 de outubro, o Yedioth Ahronoth cita um incidente entre os assentamentos de Otaf e a Faixa de Gaza, onde cerca de 70 veículos foram alvejados, resultando em um ataque que teria matado mil combatentes palestinos, mas sem esclarecimentos sobre o número de reféns civis israelenses que podem ter sido vítimas.
Outro caso discutido na matéria envolve o kibutz [comunidade agrária] de Be'eri, próximo à Faixa de Gaza, onde relatos indicam que militares israelenses teriam atacado uma casa, mesmo após serem informados sobre a presença de militantes do Hamas e reféns no local.
Outro jornal israelense, o Haaretz, em editorial, pediu investigação imediata sobre as ações do Exército, enfatizando a relevância das respostas para os familiares dos reféns e para o público em meio ao atual conflito.
Questionado sobre as alegações, o Exército de Israel destacou o atual contexto de guerra e prometeu uma investigação detalhada quando a situação operacional permitir.
(*) Com Spuntiknews