Um grupo de WhatsApp chamado “Jew Politics”, formado por 299 integrantes de comunidades sionistas no Brasil, tem trocado mensagens com ameaças de agressões ao jornalista e fundador de Opera Mundi, Breno Altman.
Nas mensagens, obtidas exclusivamente pelo site Brasil 247, constam ameaças de agressões e de retaliações, além de insultos ao jornalista. Isso por que, Altman, que é judeu, tem feito diversas manifestações contra o “apartheid”, o “Estado colonial de Israel” e o “genocídio” que vem sendo promovido pelo governo de Benjamin Netanyahu contra o povo palestino na Faixa de Gaza.
Em uma das mensagens encontradas no grupo, essa postada por Patrick Peres, tem o tom mais agressivo das diversas que foram trocadas no chat: “tem que dar um cala boca na porrada, precisa arrancar os dentes da boca desse fdp [filho da p***] e cortar os dedos fora para parar de escrever e falar merda.”
Já em outra, um perfil que se identifica como Ariel Jew Krok compartilhou um post do também jornalista Caio Blinder, em que Altman é comparado a um kapo. Os kapos foram judeus que serviram como agentes nazistas nos campos de concentração.
No diálogo, Ricardo Kahn contesta a comparação com os kapos, porque, segundo ele, alguns colaboracionistas do passado agiriam desta forma para salvar a própria pele, em circunstâncias adversas. Em seguida, Vivian afirma que “tem gente trabalhando para calar a boca dele”. Na sequência do diálogo, Fernando Plapler diz que “tinha que dar um pau nesse kapo”.
Os integrantes do grupo também listam os nomes de outros potenciais judeus traidores da causa sionista, mencionando nomes como o jornalista Andrew Fishman, editor do Intercept, e o professor Michel Gherman, estudioso de questões judaicas. Um dos participantes do chat, denominado como Eduardo Finger, chega a propor uma campanha contra Gherman.
Ao discutir a campanha negativa contra personalidades que seriam contra as políticas do Estado de Israel, os sionistas também apontam outros alvos: o ator Bruno Gagliasso e os jornalistas Kennedy Alencar, Vera Magalhães, Guga Noblat e Mônica Bergamo. Além disso, mencionam nomes de personalidades pró-sionismo, como Nizan Guanaes, Milton Neves, Caio Coppola, Pedro Doria, entre outros.
Também são mencionados o Partido da Causa Operária (PCO), o canal ICL Notícias e a deputada Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores. Um dos pontos da trama envolveria a pressão pelo corte de campanhas publicitárias.
Em outro trecho dos diálogos, Renato Rubin propõe uma vaquinha para enviar Altman à Palestina, e Gabi Sterenberg diz que ele merecia ser linchado. Vivian, outra integrante do grupo, também afirma que já tem “gente grande” se mexendo contra o editor do Opera Mundi.
'Verdadeira índole do sionismo'
Após a publicação do Brasil 247, Altman parabenizou o site de notícias pelo trabalho, apontando que a troca de mensagens em que é ameaçado escancara a “verdadeira índole do sionismo”.
Para o jornalista e fundador de Opera Mundi, a matéria “não é importante” por causa dele, mas, na realidade, para apontar a “violência intrínseca” do sionismo e “sua absoluta semelhança com o bolsonarismo”
“Essa matéria não é importante por minha causa, mas por mostrar a verdadeira índole do sionismo, sua violência intrínseca e sua absoluta semelhança com o bolsonarismo. Em grupos privados, revela-se na plenitude como o sionismo é racista, antidemocrático e filiado ao fascismo. Parabéns ao 247 pelo trabalho investigativo. Quanto a mim, vamos em frente que atrás vem gente”, disse.
Essa matéria não é importante por minha causa, mas por mostrar a verdadeira índole do sionismo, sua violência intrínseca e sua absoluta semelhança com o bolsonarismo. Em grupos privados, revela-se na plenitude como o sionismo é racista, antidemocrático e filiado ao fascismo.…
— Breno Altman (@brealt) October 16, 2023
No domingo (15/10), Altman participou de um ato pró-Palestina, na Avenida Paulista, em São Paulo, foi chamado a discursar e disse que o “Estado colonial de Israel é inimigo da Humanidade”.