O encontro entre o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o presidente israelense, Isaac Herzog, nesta quarta-feira (07/02), envolveu discussões associadas à situação das propostas em relação ao acordo de troca de reféns entre Israel e o grupo de resistência palestina Hamas.
“Estamos analisando isso intensamente”, afirmou o chefe da diplomacia dos Estados Unidos à imprensa, acrescentando que “há muito trabalho a ser feito”, mas que a Casa Branca está “focada” em trabalhar na libertação de prisioneiros “que foi interrompida há tantos meses”.
A conversa aconteceu na própria residência de Herzog, em Jerusalém, onde o israelense afirmou estar “rezando pela libertação imediata dos nossos reféns” e lançou acusações sobre o Hamas no conflito que segue em curso na Faixa de Gaza:
“Queremos vê-los de volta o mais rápido possível. A situação é terrível. E claramente, o Hamas está violando todas as regras de comportamento humano a este respeito”, declarou o presidente.
Segundo o jornal israelense The Times of Israel, Herzog entende que Tel Aviv “está seguindo o direito humanitário internacional e facilitando a entrada de ajuda em Gaza”, uma questão sobre a qual a gestão do presidente norte-americano, Joe Biden, tem pressionado Israel.
No entanto, as falas do líder israelense entram em contradição, uma vez que, nesta mesma quarta-feira, o gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) divulgou que Israel negou acesso a 56% das missões de ajuda humanitária planejadas, especialmente, ao norte de Gaza.
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Blinken culpa Hamas e diz que há ‘muito trabalho a ser feito’ para acordo de troca de reféns
Segundo a agência da ONU, das 61 missões, apenas 10 foram facilitadas pelas autoridades israelenses, enquanto dois foram parcialmente facilitadas e 34 tiveram acesso negado. Já outras seis foram adiadas pelas próprias organizações humanitárias devido a “restrições operacionais internas”.
Ainda assim, Herzog continuou afirmando que seu governo “deixou claro na Corte Internacional de Justiça, em Haia” que “condena qualquer apelo que prejudique qualquer população civil, em qualquer lugar”.
Durante a discussão, sem apresentar argumentos, Blinken atribuiu diretamente ao Hamas a responsabilidade pelas mais dezenas de milhares de mortes de civis em Gaza.
“Há tantos homens, mulheres e crianças inocentes que sofrem como resultado dos ataques perpetrados pelo Hamas, e que agora estão presos em um fogo cruzado criado pelo Hamas”, afirmou o secretário.
Logo após o encontro, o Departamento de Estado dos EUA publicou uma nota na qual o porta-voz Matthew Miller explica que “o secretário [Antony Blinken] reafirmou o apoio dos Estados Unidos ao direito de Israel de garantir que os eventos de 7 de outubro nunca se repitam e ressaltou a importância de tomar todas as medidas possíveis para proteger os civis em Gaza”. Em nome do órgão norte-americano, Miller ainda revelou que Blinken continuou defendendo a “solução de dois Estados com garantias de segurança para Israel”.
Outras autoridades israelenses, como o ministro da Defesa, Yoav Gallant, e o diretor da agência de inteligência nacional Mossad, David Barnea, também participaram da reunião, de acordo com um vídeo do início da reunião divulgado pelo próprio gabinete do premiê Benjamin Netanyahu.