Os hospitais no norte da Faixa de Gaza estão “completamente fora de serviço”, de acordo com o Ministério da Saúde local.
À emissora catari Al Jazeera, Ashraf al-Qudra, porta-voz da pasta, afirmou nesta terça-feira (21/11) que a taxa de ocupação nos serviços hospitalares da região atingiu 190%.
Israel bombardeou e destruiu partes do maior hospital do território, o Al-Shifa, onde mais de 700 palestinos ainda estão mantidos em cativeiro sob cerco do exército israelense.
Na semana passada, as forças de Tel Aviv tomaram a estrutura para procurar o que disseram ser uma “rede de túneis” e um “centro de comando do Hamas” construído para “traçar estratégias e planejar ataques contra os israelenses”.
No entanto, a acusação foi desmentida por um membro do gabinete político do próprio Hamas. Ao negar as alegações de que o grupo usa as estruturas para realizar quaisquer “atos de resistência”, Khalil al-Hayya escancarou o esquema de limpeza étnica israelense:
“A ocupação está mentindo e fabricando histórias como parte do seu plano para deslocar o nosso povo, expulsando-o do norte para o sul e depois para o Sinai” declarou al-Hayya, numa conferência de imprensa em Beirute.
Nesta segunda-feira (20/11), um grupo de 31 bebês prematuros foi evacuado do Al-Shifa ao Egito para receber tratamento, em segurança, segundo as autoridades palestinas e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Hospitais no norte da Faixa de Gaza estão "completamente fora de serviço", afirmou o porta-voz do Ministério da Saúde local
Círculo da morte
O porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza também disse que cerca de 120 pessoas foram evacuadas do Hospital Indonésio – onde ainda se concentram 400 feridos, 200 profissionais da equipe médica e mais de 2.000 refugiados – no norte da Faixa, para o complexo médico Nasser, localizado no sul.
Al-Qudra usou o termo “círculo de morte” para explicar que o exército israelense encarcerou as pessoas dentro da estrutura, fiscalizando quaisquer movimentos tidos como suspeitos. Apenas serviços básicos foram liberados pelas tropas militares, mesmo com várias vítimas em estado de saúde grave.
Os hospitais na Faixa de Gaza seguem enfrentando escassez de recursos básicos, como água, medicamentos essenciais e suprimentos, além de cortes de energia pela falta de combustível e constantes ataques israelenses.
De acordo com a OMS, foram registrados 335 ataques a complexos de saúde no território ocupado desde 7 de outubro, início da guerra de Israel contra o povo palestino. Dos bombardeios, 164 na Faixa de Gaza e 171 na Cisjordânia.
As ações das forças militares de Israel resultaram em deslocamentos forçados em massa, sem contar os milhares de mortos e feridos. Nesta terça-feira (21/11), o Ministério da Saúde de Gaza contabilizou pelo menos 14.128 palestinos mortos, além de mais de 33 mil feridos. Já as autoridades israelenses estimam que a primeira ofensiva lançada pelo Hamas tenha matado cerca de 1.400 de seus civis.