O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, confirmou nesta terça-feira (21/11) ter fechado um acordo de trégua de quatro dias no conflito.na Faixa de Gaza em troca da libertação de 50 reféns sob posse do grupo terrorista Hamas.
Como parte do acordo, o governo israelense permitirá a entrada de agentes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) na região de conflito, para atendimento aos reféns que aguardam a libertação. O acordo também prevê a libertação de 150 presos palestinos em Israel, que não sejam acusados de assassinatos. A libertação dos reféns de ambos os lados será feita em etapas.
Apesar da trégua, Netanyahu disse que a guerra não vai parar e que os ataques israelenses serão retomados após a trégua.
“Gostaria de deixar claro que estamos em guerra e continuaremos a guerra até alcançarmos todos os nossos objetivos – eliminar o Hamas, recuperar todos os reféns e desaparecidos e garantir que não haverá ameaça a Israel em Gaza”, disse o primeiro-ministro israelense ao jornal Haaretz.
O acordo entre Israel e o Hamas foi mediado pelo Catar. Na manhã desta terça, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al Ansari, disse a jornalistas que as negociações haviam avançado “além das questões centrais” e estavam “no ponto mais próximo” de um desfecho desde o início do conflito.
Nova lista de brasileiros para repatriação de Gaza é apresentada
O Itamaraty confirmou nesta terça-feira (21/11), que apresentou às autoridades egípcias e israelenses, uma segunda lista, com 86 nomes de brasileiros e familiares palestinos interessados na repatriação da Faixa de Gaza.
O Ministério das Relações Exteriores informou que é uma lista inicial e a quantidade de nomes pode mudar ao longo do processo. Isso porque, apesar de terem manifestado ao governo brasileiro a intenção de deixar a região do conflito, o perfil das pessoas desta segunda lista é de residentes em Gaza, pessoas estabelecidas e com rede de apoio na região, o que pode causar desistências ao longo do processo de repatriação.
Os nomes apresentados na lista brasileira, caso autorizados pelas autoridades, precisam ser incluídos na relação de estrangeiros autorizados a deixarem Gaza pela passagem de Rafah, localizada na fronteira com o Egito, depois das pessoas já autorizadas, deixarem a região.
A primeira lista apresentada pelo Brasil tinha 32 nomes, 22 brasileiros e dez palestinos familiares. Após um esforço diplomático que durou cinco semanas, as pessoas dessa primeira lista regressaram ao país em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e foram recebidas por Lula no desembarque em Brasília.
UNRWA/Twitter
Netanyahu disse que a guerra não vai parar e que os ataques israelenses serão retomados após a trégua
Criação de Estado palestino
Nesta terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a criação do Estado palestino é a “única solução possível”, para a guerra em Gaza.
“O reconhecimento de um Estado palestino viável, vivendo lado a lado com Israel, com fronteiras seguras e mutuamente reconhecidas, é a única solução possível. Precisamos retomar com a maior brevidade possível o processo de paz entre Israel e Palestina”, afirmou o presidente brasileiro durante cúpula extraordinária para tratar da situação na Faixa de Gaza dos Brics, bloco que reúne Brasil, Rússia, China Índia e África do Sul.
Contexto
O cerne da questão árabe-israelense é a forma como o Estado de Israel foi criado, em 1948, com inúmeros pontos não resolvidos, como a esperada criação de um Estado árabe na região da Palestina, o confisco de terras e a expulsão de palestinos que se tornaram refugiados nos países vizinhos.
A decisão pela criação dos dois estados foi tomada no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) e aconteceu sem a concordância de diversos países árabes, gerando ainda mais conflitos na região.
Ao longo das décadas seguintes, a ocupação israelense nos territórios palestinos – apoiada pelos EUA – foi se tornando mais dura, o que estimulou a criação de movimentos de resistência. Foram inúmeras tentativas frustradas de acordos de paz e, na década de 1990, se chegou ao Tratado de Oslo, no qual Israel e a Organização para Libertação da Palestina se reconheciam e previam o fim da ocupação militar israelense.
O acordo encontrou oposição de setores em Israel – que chegaram a matar o então premiê do país – e de grupos palestinos, como o Hamas, que iniciou sua campanha com homens-bomba. Após a saída militar israelense das terras ocupadas em Gaza, ocorreu a primeira eleição palestina, vencida pelo Hamas (2006), mas não reconhecida internacionalmente. No ano seguinte, o Hamas expulsou os moderados do grupo Fatah de Gaza e dominou a região.
Em 7 de outubro de 2023, o Hamas lançou sua maior operação até então, invadindo o território israelense e causando o maior número de mortes da história do país, 1,4 mil, além de fazer cerca de 200 reféns. A resposta israelense vem sendo brutal, com bombardeios constantes que já causaram a morte de milhares de palestinos, além de cortar o fornecimento de água e luz, medidas consideradas desproporcionais, criticadas e rotuladas de “massacre” e “genocídio” por vários organismos internacionais.