O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou neste sábado (23/03) que uma invasão terrestre em Rafah significaria uma “catástrofe humanitária” e voltou a defender a criação de um Estado palestino.
“Você não pode ver tantas pessoas sendo mortas, você não pode ver tanto sofrimento sem se sentir extremamente frustrado”, afirmou o chefe da ONU, reconhecendo que o fim do conflito depende apenas “daqueles que têm o poder de pará-lo” ao reforçar apelo por um “cessar-fogo imediato” em Gaza.
Segundo a emissora catari Al Jazeera, as falas do representante foram proferidas aos jornalistas presentes no aeroporto de El Arish, após concluir sua visita a Rafah. A viagem acontece depois das recentes ameaças de Israel sobre possível invasão à região, independente do apoio dos Estados Unidos.
Mais cedo, em discurso, Guterres considerou “monstruoso” que os palestinos em Gaza devam marcar o Ramadã, mês sagrado dos muçulmanos, com “bombas israelenses caindo, balas voando e ataques de artilharia em curso”.
“É monstruoso que, depois de tanto sofrimento ao longo de tantos meses, os palestinos em Gaza estejam marcando o Ramadã com bombas israelenses ainda caindo, balas ainda voando, artilharia ainda batendo e assistência humanitária ainda enfrentando obstáculos”, criticou Guterres, repetindo que “nada justifica a punição coletiva do povo palestino”.
“Quero que os palestinos em Gaza saibam: vocês não estão sozinhos. As pessoas ao redor do mundo estão indignadas com os horrores que todos estamos testemunhando em tempo real”, acrescentou o representante.
Bloqueio terrestre
Ainda durante seu discurso em Rafah, o secretário da ONU mencionou o bloqueio terrestre imposto por Israel à ajuda humanitária em Gaza, afirmando que há uma longa fila de caminhões impedidos de passagem, causando uma “sombra de fome”.
Para Guterres, “isso é mais do que trágico, é um ultraje moral” e “qualquer novo ataque tornará tudo pior” para os civis palestinos.
Mais uma vez, o representante apelou por um “cessar-fogo imediato” e ressaltou que “é hora de Israel assumir um compromisso firme de acesso total e irrestrito a bens humanitários em toda Gaza”.
“No espírito de compaixão do Ramadã, é hora da libertação imediata de todos os reféns […] Esperamos continuar trabalhando com o Egito para simplificar o fluxo de ajuda e apreciamos profundamente o pleno empenho egípcio no apoio ao povo de Gaza”, disse Guterres.
(*) Com ONU News