A partida das eliminatórias para o Campeonato Europeu de Basquete Feminino entre Irlanda e Israel, realizada nesta quinta-feira (08/02), foi marcada por um momento tenso pouco antes do apito inicial.
Durante o cerimonial de entrada em campo das equipes, o tradicional corredor no qual as atletas dos dois times se cumprimentam simplesmente não aconteceu, porque as jogadoras irlandesas se recusaram a apertar as mãos das suas rivais israelenses.
A atitude das atletas da Irlanda foi uma reação a declarações realizadas por uma das rivais israelenses antes do jogo, na qual acusou as esportistas irlandeses de serem “bastante antissemitas”.
A própria federação de basquete da Irlanda se pronunciou dizendo que a afirmação da atleta de Israel foi “mentirosa”.
Questionado sobre não participar nas formalidades pré-jogo, o treinador da Irlanda, James Weldon explicou que “não vamos participar das atividades pré-jogo contra quem faz daqueles comentários injustos e inaceitáveis contra nossas atletas”.
Após a partida – que terminou com vitória de Israel, por 87×57 –, Weldon elogiou as postura de suas comandadas, dizendo que elas mostraram uma “incrível maturidade na forma como lidaram com a pressão”.
A federação irlandesa evitou dizer que a atitude de suas atletas seria um gesto de solidariedade às quase 30 mil mortes de civis palestinos durante a ofensiva militar promovida por Israel na Faixa de Gaza desde outubro passado – a qual, ademais, registra um grande número de mulheres e crianças entre as vítimas.
FIBA
Seleção irlandesa se recusou cumprimentar o time israelense durante o jogo de qualificação para o Campeonato Europeu
Porém, a cobertura jornalística sobre os acontecimentos prévios ao encontro – quando a polêmica das declarações já estava instalada –, incluiu a divulgação de fotos em que algumas jogadoras israelenses aparecem posando com soldados das Forças Armadas de Israel (IDF, por sua sigla em inglês) durante treinos realizados em Tel Aviv.
Meios irlandeses também afirmaram que a federação do país chegou a cogitar um boicote ao jogo contra Israel, mas que desistiu da ideia porque a atitude resultaria em multa e possível proibição do selecionado de disputar competições internacionais por cinco anos.
Ainda assim, cinco jogadoras irlandesas decidiram não viajar para a disputa da partida, que aconteceu na cidade de Riga, na Letônia, onde acontece o Campeonato Europeu Feminino de Basquete.
Irlanda e Palestina
A Irlanda é um país onde o sentimento de solidariedade com a causa palestina está presente há muitos anos.
Nos últimos meses, diversas cidades do país, e especialmente a capital Dublin, têm registrados diversos protestos massivos em favor de um cessar-fogo na Faixa de Gaza. Uma pesquisa publicada em meios locais em novembro de 2023 mostrou que 84% dos irlandeses querem o fim da ofensiva militar israelense.
A posição oficial sobre conflito apresentada pelo primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, é a de que Israel, embora tenha o direito à autodefesa, tem realizado uma campanha de punição coletiva contra os palestinos.
O líder do partido conservador Fine Gael evita reconhecer que Tel Aviv cometeu crimes de guerra, mas tem sido um dos mandatários europeus que mais fez apelos à União Europeia para que o bloco defenda uma postura mais veemente em favor de um cessar-fogo em Gaza.