As Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram no último domingo (31) que irão retirar milhares de soldados da Faixa de Gaza como parte de uma reorganização estratégica para uma nova fase do conflito, no que já é a maior redução de combatentes na região desde que a guerra começou, há três meses.
De acordo com a declaração das IDF, a retirada busca “aliviar significativamente o fardo econômico” e permitir às tropas de reservistas “recuperar forças para as atividades futuras nesse próximo ano, uma vez que os combates persistirão e os seus serviços ainda serão necessários”. O anúncio incluiu duas brigadas de reservistas.
A medida é anunciada em meio a preocupações em relação ao futuro econômico de Israel caso a guerra contra Gaza prossiga. De acordo com um relatório de novembro do Ministério do Trabalho de Israel, ao menos 760 mil israelenses – cerca de 18% da força de trabalho de Israel – não estavam trabalhando em função da guerra, a maior parte deles servindo nas Forças de Defesa como reservistas ou evacuados de suas casas pelo conflito. Setores como construção, agricultura, têxtil e tecnologia foram os mais afetados.
Além da baixa de trabalhadores israelenses, o cancelamento dos vistos de trabalho para palestinos em Israel também tem imposto dificuldades à economia israelense, em particular em setores como o de construção, que tradicionalmente emprega palestinos. Por outro lado, o consumo israelense também vem caindo. “O turismo está morto, assim como o setor de hospitalidade como um todo, porque as pessoas não necessariamente querem sair sob essas circunstâncias”, disse o professor de economia da Universidade de Haifa, Benjamin Bental, à The Media Line. Em novembro, o Banco Central de Israel estimava que a escassez de trabalhadores custava à economia israelense 600 milhões de dólares por semana.
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Oficiais israelenses comemoram conclusão do Curso de Combate Terrestre das Forças de Defesa de Israel. 13 de julho de 2022.
O porta-voz das IDF, contra-almirante Daniel Hagari, declarou ainda que os objetivos da atual guerra israelense contra Gaza “requerirão uma luta prolongada”, e que por isso milhares de oficiais regulares das IDF também serão retirados de Gaza para treinamentos. “Após a experiência adquirida em combate, eles retornarão ao treinamento e se juntarão às fileiras de comandantes após completarem [seu ciclo]”, disse Hagari, fazendo referência a outras três brigadas de oficiais.
Se estima que cada brigada tenha cerca de 4 mil tropas, embora seus números possam variar. As Forças de Defesa de Israel não anunciaram especificamente quantas tropas serão retiradas de Gaza no total.
Além dos planos de retirada, as Forças de Defesa de Israel anunciaram na última segunda-feira (1) que começarão a assegurar o retorno de comunidades judaicas ao redor da Faixa de Gaza que foram evacuadas pela guerra. “Em um esforço conjunto dos sistemas de segurança com os chefes dos conselhos locais, coordenamos um plano que permite o retorno gradual dos residentes às comunidades situadas a mais de quatro quilômetros da fronteira da Faixa de Gaza”, diz o comunicado. “O plano inclui uma mudança fundamental no conceito de defesa – distribuição de equipamentos para as equipes de resposta rápida, envio de forças militares, estabelecimento de novas infraestruturas de segurança e muito mais.”
Atualmente, mais de 22 mil palestinos já foram mortos pela guerra israelense à Faixa de Gaza, com ao menos 57 mil feridos. Cerca de ⅔ dos mortos palestinos são crianças e mulheres. Segundo a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente, mais de 1,9 milhões de palestinos, quase a totalidade da população de Gaza, foram deslocados na região desde o início da guerra.