Quinta-feira, 12 de junho de 2025
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O governo de Israel declarou que não aprovará mais nenhum comboio de assistência humanitária administrado pela Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA) e destinado ao norte da Faixa de Gaza, informou o comissário-geral do órgão, Phelippe Lazzarini, neste domingo (24/03), em rede social. 

“É ultrajante [e] torna intencional obstruir a assistência para salvar vidas em meio a uma fome provocada pelo homem. Estas restrições devem ser suspensas”, repudiou o representante.

Segundo o comissário-geral da agência, a medida israelense poderá causar ainda mais mortes por fome e desidratação.

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Na semana anterior, a Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês), um órgão que avalia a gravidade da insegurança alimentar em nível global, estimou que a fome, especialmente no norte do enclave, poderá se prolongar até o mês de julho.

Ainda de acordo com o IPC, 70% do total de 1.1 milhão de palestinos abrigados naquela região já estão sofrendo o estágio mais grave de escassez de alimentos. Trata-se de uma taxa superior do que o triplo do limite de 20% para ser considerado como situação de fome.

Twitter/UNRWA
Agência da ONU para Refugiados Palestinos repudia bloqueios israelenses e afirma que medida agravará crise humanitária em Gaza
Suspensão de financiamento dos EUA

Lazzarini também criticou a decisão norte-americana de cortar os repasses para a agência da ONU. Na sexta-feira (22/03), a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou um projeto de lei de financiamento no valor de US$ 1.2 trilhão que proíbe o repasse à UNRWA até março de 2025

O comissário-geral do órgão expressou que tal medida terá sérias implicações para os palestinos em Gaza.

“Em Gaza, a comunidade humanitária está correndo contra o relógio para evitar a fome. Como espinha dorsal da resposta humanitária, qualquer lacuna no financiamento à UNRWA comprometerá o acesso a alimentos, abrigo, cuidados de saúde primários e educação em um momento de trauma profundo”, escreveu Lazzarini na plataforma X.

“Os refugiados da Palestina estão contando com a comunidade internacional para que intensifiquem o apoio e atendam às suas necessidades básicas”, acrescentou o representante.

Acusação israelense contra funcionários da UNRWA

Os Estados Unidos são os principais doadores da agência destinada aos palestinos refugiados em Gaza. No entanto, o país decidiu cortar seu auxílio após Israel ter alegado, na última semana de janeiro, suposto envolvimento de funcionários da agência com os ataques do Hamas em 7 de outubro. 

Na ocasião, a reação da UNRWA diante da acusação, junto com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, foi imediata. As autoridades da ONU se mobilizaram e abriram investigações dentro da agência. Dos 12 funcionários acusados por Israel, nove acabaram sendo demitidos.

Por outro lado, a denúncia israelense também mobilizou diversos países ocidentais, além dos Estados Unidos, que decidiram bloquear repasses à UNRWA, gerando uma preocupação ainda maior por parte da agência, que já vinha relatando escassez de recursos e apelando por mais auxílio internacional.