Terça-feira, 10 de junho de 2025
APOIE
Menu

O governo de Israel declarou nesta segunda-feira (19/02) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “persona non grata”, ou seja, como pessoa indesejável, por conta da comparação dos ataques israelenses na Faixa de Gaza com o Holocausto.

Pelo X (antigo Twitter), o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, disse que a decisão de persona non grata ao presidente Lula seguirá até que ele “peça desculpas e se retrate de suas palavras”. “Não perdoaremos e não esqueceremos. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel”, afirmou.

A medida foi anunciada após Katz ter repreendido o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, por conta das declarações dadas por Lula no encerramento de sua viagem à Etiópia, no último domingo (18/02).

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

O governo israelense havia convocado o representante brasileiro para uma  “chamada de reprimenda”. Katz e Meyer se encontraram na manhã desta segunda durante uma visita ao memorial do Holocausto Yad Cashem, em Jerusalém. No local, o chanceler de Israel disse que o lugar “testemunha mais do que qualquer outra coisa o que os nazistas e Hitler fizeram aos judeus”.

De acordo com o jornal israelense Times of Israel, Katz mostrou ao embaixador brasileiro os nomes de seus avós que foram vítimas dos nazistas. “A comparação entre a guerra de Israel contra o Hamas e as atrocidades de Hitler e dos nazistas é uma vergonha”, disse o chanceler ainda segundo o periódico. 

Uma fonte ao jornal disse que Meyer pareceu ter “internalizado a mensagem”.

Decisão contra o presidente Lula seguirá até que ele 'peça desculpas e se retrate de suas palavras', segundo o governo israelense

Ricardo Stuckert / PR

Lula afirmou que conflito na Faixa de Gaza não é uma guerra, mas sim um 'genocídio'

Ao encerrar seu giro por países da África, Lula afirmou que a guerra na Faixa de Gaza, onde mais de 29 mil pessoas já morreram, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas, não é uma guerra, mas sim um “genocídio”.

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, comparou Lula.

Para o líder brasileiro, o que está acontecendo na Faixa de Gaza é um conflito que não é “entre soldados”, porém sim entre “um exército altamente preparado e mulheres e crianças”.

Israel tem tentado frear as críticas do governo brasileiro às ações militares em Gaza desde a escalada do conflito, em outubro de 2023. Lula classificou de terroristas as ações do Hamas do dia 7 de outubro e buscou negociar no Conselho de Segurança da ONU, presidido naquele mês pelo Brasil, uma resolução que impedisse a escalada do conflito.

A declaração de Lula contra o Hamas não foram suficientes para Israel. Em novembro, o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, reuniu-se com parlamentares de direita e ultradireita no Congresso junto com o ex-presidente Jair Bolsonaro, num gesto hostil que o governo brasileiro procurou contemporizar.

(*) Com Ansa.