As Forças de Defesa de Israel (IDF) estão aumentando seu controle logístico na Faixa de Gaza, próximo ao bairro Jabalya. Isso por que, segundo o jornal israelense Jerusalem Post, no local está sendo construído um centro avançado multiuso, algo que não era estabelecido há quatro décadas fora do território israelense.
Segundo o periódico, em publicação nesta sexta-feira (15/12), desde a Primeira Guerra do Líbano, há 41 anos, as IDF não estabeleceram uma infraestrutura desse porte fora das fronteiras do Estado de Israel. Ainda de acordo com o Jerusalem Post, a presença militar é perceptível em toda a área visitada.
A reportagem apurou a respeito do novo campo logístico israelense, afirmando que ao redor de Gaza as forças de defesa de Tel Aviv estão aumentando seu controle logístico no local.
O jornal conversou com alguns oficiais do Exército presentes no complexo: “agora estamos operando mais perto dos combatentes”, disse o Coronel (reformado) Mor, que comanda o novo complexo. “Permitimos que a continuidade do conflito seja mantida. A força de combate sabe que há alguém esperando por eles no local e fornecendo toda a logística imediata. Não é mais necessário viajar 7 km até a fronteira israelense. Tudo já está acessível dentro da área de combate. Nós criamos a nova linha de fronteira da guerra”, disse o militar.
Moshe Cohen, que assina a matéria do jornal, relata ainda como a fronteira israelense foi reforçada por cercas elétricas e estruturas de aço, formando o que o Jerusalem Post apelidou de “Corredor de aço”, vias que formam duas artérias para a entrada na Faixa de Gaza. As estradas agora estão projetadas para reforçar a segurança das Forças de Defesa de Israel no controle daquela área.
“Agora estamos percorrendo o ‘Corredor de aço’, que é a tábua de salvação que permite que as forças de logística sejam levadas para as profundezas do combate. Os caras são corajosos e também trabalham em missões de logística sob fogo a qualquer hora do dia”, disse o tenente-coronel Moore ao Jerusalem Post, oficial de logística da 162ª Divisão, acrescentando com entusiasmo: “esta é a primeira vez em quatro décadas que um centro de logística avançado é instalado”.
Reprodução/ IDF
Forças de defesa israelense ocupam espaço com centro operativo na Faixa de Gaza
“O centro de logística também possui unidades de saúde preparadas para tratamento e evacuação de feridos, servindo simultaneamente como um centro para fornecer uma resposta imediata a uma variedade de necessidades”, diz o jornal. Os comandantes em campo falam ao jornalista Cohen sobre a operação logística, mas eles têm o cuidado de não fazer previsões sobre quanto tempo o complexo funcionará.
Neste contexto, a Israel Broadcasting Corporation, nesta sexta-feira, citou o chefe do departamento de inteligência do Exército israelense, Aharon Haliwa, prevendo que a guerra contra o Hamas continuaria “por vários meses”, indicando uma ocupação militar permanente.
A Israel Broadcasting Corporation citou Haliwa como tendo dito na quinta (14/12), durante uma reunião para avaliar a situação no bairro de Al-Rimal, em Gaza, com oficiais superiores das unidades militares que estão na região, que “é preciso continuar pressionando o inimigo e eliminando-o.”
Haliwa também mencionou que a situação em Gaza é sobre uma “batalha em múltiplas frentes”. Por sua vez, o ministro da Defesa israelense, Yoav Galant, disse também nesta quinta que o “desmantelamento do Hamas exigirá meses de operações”.
Fórmula 1
Segundo o repórter, o centro já recebeu o apelido de “Fórmula 1” em referência às paradas para descanso dos pilotos de corrida.
“Há um suporte aqui, que inclui reparos para veículos blindados e seu rápido retorno ao serviço e, ao mesmo tempo, oferece aos soldados que chegam com os veículos um lanche com refeições quentes, chuveiros e máquinas de lavar”, disse o coronel Moore ao jornal.
Ainda segundo o tenente-coronel, o nome dado remete por conta da “velocidade e o descanso são tão importantes para os soldados quanto para os pilotos da Fórmula 1”.
O centro inclui um complexo de combustível, capaz de fornecer aproximadamente 80.000 litros de diesel. O espaço principal é dividido em diferentes áreas: médico, evacuação de feridos e para tratamento emergencial e setor de manutenção de combate, no qual é realizada a reparação completa de veículos, incluso blindados. Ele também inclui chuveiros quentes, uma sinagoga, lavanderias móveis e cabines telefônicas.
O repórter observa “não muito longe do complexo da ‘Fórmula 1’, nos arredores de Jabalya, vi uma placa com o nome e o número de telefone de uma agência imobiliária israelense”, dando a entender que os locais ocupados após o 7 de outubro serão realocados para colonos israelenses.
Já que, um dos soldados entrevistado disse ao periódico idealizar que, “um dia, depois que as casas daqui forem restauradas, elas valerão muito dinheiro – afinal, são prédios na primeira linha de acesso ao mar. Pense quanto custa em Tel Aviv”. O Jerusalem Post ressaltou que, como civil, o militar citado é um corretor de imóveis de Ramat Gan, e agora está sendo recrutado no centro de logística.