O secretário-geral do partido xiita Hezbollah, Hassan Nasrallah, reagiu nesta quarta-feira (03/01) ao assassinato do vice-líder do Hamas, Saleh al-Arouri, ocorrido no dia interior, na cidade de Beirute, capital do Líbano.
Em pronunciamento, Nasrallah fez ameaças a Israel, por considerar o país responsável pelo atentado que matou al-Arouri – apesar de Tel Aviv não ter assumido oficialmente a autoria do ataque –, mas não confirmou a entrada do grupo no conflito com o país vizinho.
“Lutamos com cálculos precisos. Se o inimigo [Israel] pensar em travar uma guerra contra o Líbano, a nossa luta será até o fim e sem regras. Eles sabem do que estou falando. Não temos medo da guerra. Aqueles que pensam em entrar numa guerra contra nós, vão se arrepender”, declarou o líder xiita.
Nasrallah também alertou que o Hezbollah está “mais preparado do que nunca” e que travaria uma “guerra total” com Israel, se preciso for. O líder do movimento libanês delineou que conta com maior poder de fogo do que no início do recente conflito no Oriente Médio, em outubro passado.
Após o assassinato de Saleh Al-Arouri, era aguardado um pronunciamento oficial do Hezbollah sobre o caso. As hostilidades entre o governo israelense e o movimento xiita não chegavam a esta magnitude desde 2006, quando ocorreu a Guerra do Líbano, Israel travou uma guerra contra os postos do Hezbollah no sul do país e na capital Beirute, via ar, mar e terra.
O discurso do de Nasrallah foi inicialmente planejado para marcar o quarto aniversário da morte do ex-comandante militar iraniano, general Qassem Soleimani, morto por um ataque aéreo dos Estados Unidos no Iraque há exatos quatro anos, em 3 de janeiro de 2020.
Na abertura, o líder do Hezbollah recordou o fato e mencionou o ataque terrorista que aconteceu nesta mesma quarta-feira, em Kerman no Irã, durante um ato que homenageava Soleimani.
'Um ataque flagrante da agressão israelense'
Em outro momento do discurso, Nasrallah ofereceu condolências ao vice-líder do Hamas e considerou o atentado em Beirute um “ataque flagrante da agressão israelense contra o Líbano” e disse ainda que “o seu sangue, os seus sacrifícios (…) terão resultados positivos para a Palestina, o Líbano, o Iraque, a Síria, o Iêmen e toda a região”.
A respeito da coalizão de apoio à Palestina, Nasrallah afirmou que as organizações de resistência são independentes. “Nós nos comunicamos, mas todos tomam suas decisões com base em seus interesses e nos de sua população” e continuou dizendo que “o maior desafio para o eixo de resistência tem sido, durante os últimos meses, Operação Tempestade de Al-Aqsa”.
Captura de tela ao vivo/Opera Mundi
Hassan Nasrallah em pronunciamento oficial nesta quarta-feira (03/01) disse que 'não temos medo da guerra'
Ele citou alguns desafios enfrentados pelo movimento de resistência libanês, como baixas, deslocamentos, exílios e destruição. Contudo, delineou que o apoio à causa palestina aumentou consideravelmente na região do Oriente Médio e no mundo. “O Hamas tem o mais alto nível de apoio da sua história entre a população palestina, e esta é uma grande conquista. A imagem de Israel no mundo também entrou em colapso” afirmou o líder.
Para o partido político libanês, “Israel falhou totalmente” e classificou Israel, como o país com o “título de maior genocídio da história moderna” e destacou a baixa popularidade das IDF entre o povo israelense.
'Israel não alcançou seu objetivo'
Na metade do discurso, o líder do Hezbollah direcionou suas palavras ao ministro do gabinete de guerra israelense (Yoav) Gallant “eu digo: você não conseguirá alcançar seus objetivos de guerra , se Deus quiser. A terra da Palestina, do rio ao mar, pertence exclusivamente ao povo palestino, Israel não conseguiu libertar os próprios reféns e não conseguiu controlar a Faixa de Gaza”.
Nasrallah disse ainda que o que aconteceu em Gaza mostrou uma comunidade internacional inerte e o direito internacional como uma força nula em defesa dos direitos humanos. “Não podem proteger as populações. Eles não podem proteger ninguém. Lembrem-se disso” com isso, ele reitera que apenas a soberania do país atacado é capaz de se defender “se você é forte, você impõe o respeito dos outros. É a sua força e os seus mísseis que o protegem”.
O líder também assegurou que Israel sofrerá novos ataques da resistência palestina “o que aconteceu desde 7 de outubro até hoje, enfraqueceu Israel e acontecerá novamente no futuro (…) e está no caminho da extinção. Ninguém será capaz de defender Israel”.
“Israel convocou seus reservistas e usou todas as suas armas, pedindo também ajuda aos americanos da região. Os israelenses acreditam que esta é uma oportunidade para acabar com o Hezbollah no Líbano, dizendo que o mundo atualmente o apoia. Mas a resistência fez com que Israel perdesse o elemento surpresa ao abrir a ofensiva”. Para ele, o único empecilho de uma guerra no Líbano provocada por Israel é a existência do Hezbollah.
O líder xiita do partido do Hezbollah, finalizou o seu discurso com a promessa de que o assassinato de um dos líderes do Hamas, Saleh “não ficará impune”.
Ainda hoje, o Hezbollah anunciou que atingiu um grupo de soldados israelenses perto de Jal el-Alam com mísseis. O partido também anunciou a morte de dois dos seus combatentes: Abbas Thaher e Hassan Daqiq. De acordo com a contagem oficial do grupo, 142 membros do Hezbollah foram mortos desde o início do conflito em Gaza. Segundo o jornal israelense Haaretz o exército israelense disse que foguetes caíram em campo aberto no norte de Israel.