O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira (15/02) o fim dos ataques de Israel contra a Faixa de Gaza durante encontro com seu homologo egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, no Cairo.
Em declaração à imprensa após o encontro com al-Sisi, Lula disse ser “urgente” estabelecer um “cessar-fogo definitivo” na região. Segundo ele, é imprescindível essa trégua para que “permita ajuda humanitária imediata e a incondicional libertação dos reféns”, citando a “trágica situação” dos habitantes do enclave palestino.
Militares israelenses estão em missão na Faixa de Gaza durante mais de quatro meses com bombardeios e ataques terrestres ao território palestino após uma ofensiva do Hamas, em outubro de 2023. Mais de 27 mil pessoas já morreram, segundo o Ministério da Saúde da Palestina.
“O Brasil é terminantemente contrário à tentativa de deslocamento forçado do povo palestino. Por este motivo, entre outros, o Brasil se manifestou em apoio ao processo instaurado na Corte Internacional de Justiça pela África do Sul”, disse.
Lula também reforçou o posicionamento do governo brasileiro da necessidade de dois Estados na região. Para ele, “não haverá paz sem um Estado palestino convivendo lado a lado com Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordas e internacionalmente reconhecidas”.
Nesse sentido, o mandatário ressaltou que o Brasil condenou a ofensiva do grupo palestino Hamas, mas afirmou que não há “nenhuma explicação” para o comportamento de Israel, que a “pretexto de derrotar o Hamas”, está “matando mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra”.
Reforma da ONU
Desde o início do seu terceiro governo, Lula defende uma reforma na Organização das Nações Unidas (ONU). Esse posicionamento não foi diferente durante a visita ao Egito.
De acordo com o presidente, é necessário uma “nova geopolítica” na entidade internacional. “É preciso acabar com o direito de veto dos países. E é preciso que os membros do Conselho de Segurança sejam atores pacifistas, e não atores que fomentam a guerra”, disse.
Ricardo Stuckert / PR
Lula e al-Sisi se encontraram no Cairo, capital do Egito, para reuniões e assinaturas de acordos
Lula recordou que as últimas guerras não foram aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU: “a invasão ao Iraque não passou pelo Conselho da ONU, a invasão à Líbia, a Rússia não passou pelo Conselho para fazer a guerra na Ucrânia e o Conselho não pode fazer nada sobre a guerra na Faixa de Gaza. Ou seja, a única coisa que se pode fazer é pedir paz pela imprensa, mas me parece que Israel tem a primazia de não cumprir nenhuma decisão emanada pela direção das Nações Unidas”.
Ainda segundo Lula, “de qualquer ângulo que se olhe, a escala da violência cometida entre os dois milhões de palestinos em Gaza não encontra justificativa”.
Visita ao Egito
O presidente Lula chegou ao país nesta quarta-feira (14/02) para uma visita oficial e se encontrou se homólogo nesta manhã.
Os dois tiveram reuniões e ainda assinaturas de acordos nas áreas de ciência e tecnologia e agricultura, que, segundo o presidente Lula, “contribuirão para o desenvolvimento de áreas estratégicas”.
Lula destacou a importância do encontro ao declarar que o assunto deveria ser o “aumento da produção de alimentos”, mas disse que, na realidade, estão tendo que falar da “insanidade da guerra”.
“Tenho a satisfação de voltar ao Cairo 20 anos depois de ter sido o primeiro presidente brasileiro a visitar o Egito. Parece que o Brasil estava fora do mundo, só olhava Europa e Estados Unidos. Retorno agora para celebrar o centenário do estabelecimento de relações diplomáticas entre nossos países. Hoje, como em 2003, minha visita tem por objetivo aproximar o Brasil dos países da África e do Oriente Médio e as relações com o Egito ocupam papel singular nessa estratégia”, disse.
Lula afirmou que o governo brasileiro apoia a iniciativa egípcia da criação de uma Zona Livre de Armas no Oriente Médio, apontando que conta com o apoio de al-Sisi durante a Presidência do Brasil no G20.
“Tanto o Brasil como o Egito são dois grandes países em desenvolvimento que apostam na promoção do desenvolvimento econômico e social como pilares para a paz e segurança. Combatemos todas as manifestações de racismo, xenofobia, islamofobia e antissemitismo”, declarou.