A declaração do secretário de Estado da Santa Sé provocou uma forte reação da embaixada do Estado israelense em Roma. Já os líderes da Austrália, Canadá e Nova Zelândia advertiram Israel nesta quinta-feira (15/02) contra uma operação terrestre “catastrófica” na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em um comunicado conjunto oficial.
Na terça-feira (13/02), o Cardeal Parolin, secretário de Estado da Santa Sé, que foi convidado pelas autoridades italianas para a cerimônia de comemoração dos acordos de Latrão, não escondeu sua indignação com a situação em Gaza. “Peço que o direito de defesa de Israel, invocado para justificar a operação militar em Gaza, seja proporcional, o que certamente não é o caso com 30.000 mortos”.
O número 2 do Vaticano também reiterou sua condenação “sem reservas” dos ataques do Hamas e de todas as formas de antissemitismo, mas suas observações foram muito mal recebidas.
Em um comunicado publicado na quarta-feira (14/02), a embaixada israelense na Santa Sé denunciou “uma declaração deplorável”, ressaltando que, para julgar a legitimidade de uma guerra, era necessário levar em conta todos os elementos e considerar “a estrutura geral”, ou seja, que Gaza foi transformada pelo Hamas “na maior base terrorista já vista”.
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Operação israelense em Gaza já dura mais de quatro meses
Turbulência diplomática
Desde o início da guerra, em 7 de outubro, as relações diplomáticas entre as autoridades católicas e o Estado de Israel têm sido turbulentas.
Em meados de dezembro, o Patriarcado de Jerusalém denunciou a morte de duas mulheres cristãs “assassinadas a sangue-frio” em Gaza por um atirador israelense. O embaixador israelense no Vaticano retrucou: “não há provas, essas são declarações difamatórias”.
Operação “catastrófica”
Depois dos Estados Unidos, o principal aliado de Israel, que disse ser contrário a uma ofensiva em Rafah sem “garantias” para a segurança dos civis, a Austrália, Canadá e Nova Zelândia advertiram na quinta-feira o governo de Benjamin Netanyahu contra uma operação em Rafah.
Instando o governo Netanyahu a “não seguir esse caminho”, os três países integrantes do Commonwealth, organização intergovernamental composta por 56 países membros independentes, disseram que “uma operação militar em Rafah seria catastrófica”, tendo em vista os “estimados 1,5 milhão de refugiados palestinos na área” que não têm para onde ir.