O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, na madrugada desta terça-feira (14/11), o grupo de 32 brasileiros e seus familiares (sendo 17 crianças) resgatados da Faixa de Gaza. O presidente afirmou que o país continuará tentando buscar todos os que quiserem sair da região do conflito e voltar para o Brasil ou, no caso de estrangeiros, acompanhar os parentes brasileiros.
“A gente vai tentar fazer todo o esforço que estiver ao alcance da diplomacia brasileira para tentar trazer todos os brasileiros que lá estão e que queiram vir para o Brasil. Inclusive, alguns companheiros que tinham parentes não brasileiros eu pedi para trazer e a gente trataria de legalizar as pessoas aqui no Brasil”, disse o presidente.
Hoje é um dia de alegria para o Brasil. Recebemos os 32 repatriados da Faixa de Gaza, entre crianças e adultos brasileiros e seus parentes palestinos. Não descansaremos até que todos que quiserem retornar estejam em solo brasileiro e o conflito chegue ao fim.
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— Lula (@LulaOficial) November 14, 2023
“Tem mais gente na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Enquanto tiver lista e possibilidade da gente tirar uma pessoa, mesmo que seja uma só, a gente estará à disposição para mandar buscar as pessoas. Não vamos deixar nenhum brasileiro ficar lá por falta de cuidado do governo”, acrescentou Lula.
Junto com o presidente, na pista, aguardando os repatriados, estavam a primeira-dama Janja da Silva, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta, o assessor especial da Presidência Celso Amorim e os comandantes das Forças Armadas.
Lula recebeu os resgatados na pista, cumprimentou um a um no pé da escada do avião. O primeiro a descer foi Hasan Habee, que ficou conhecido pelos vários vídeos que fazia e encaminhava para a imprensa, com depoimentos frequentes da angústia que passava na Faixa de Gaza, em meio a ataques de Israel.
“Boa noite. Queria agradecer ao presidente, governo federal, Força Aérea e Itamaraty. A gente ficou lá 37 dias, muito sofrimento. Às vezes passamos fome e sede”, disse Habee. “O que está acontecendo lá é um massacre. Minhas filhas ficaram muito chocadas lá. Na primeira e segunda semana a gente mentia [para elas]. A gente falava que essas bombas [jogadas por Israel na Faixa de Gaza] eram de festas de aniversário, mas a gente não conseguiu segurar por muito tempo”, acrescentou ele.
Habee falou que as filhas fechavam a janela para se sentirem seguras sempre que um avião do exército israelense passava. Em seguida, pediu para Lula providenciar também a vinda dos seus parentes, que estariam aguardando a liberação de uma segunda lista de brasileiros ou parentes de brasileiros.
Lula/Twitter
Lula recebeu os resgatados na pista, cumprimentou um a um no pé da escada do avião
Na manhã de segunda-feira (13/11) Lula já havia confirmado que estaria na Base Aérea de Brasília, para cumprimentar o grupo de repatriados. O gesto, de caráter simbólico, encerra um longo processo de negociação entre a diplomacia brasileira e os encarregados de Israel e Egito pela liberação de pessoas pela passagem de Rafah, na fronteira entre Gaza e Egito.
“A chegada desse décimo avião aqui no Brasil é o coroamento de um trabalho muito sério que a gente deve a muita gente que trabalha no governo, deve à aeronáutica Brasileira, ao ministro das Relações Exteriores, que fez um trabalho excepcional quando assumiu a presidência do Conselho de Segurança da ONU”, disse o presidente.
O grupo que desembarcou na Base Aérea de Brasília ficará hospedado por, pelo menos, dois dias em alojamento da FAB, onde receberá apoio psicológico, cuidados médicos e imunização. Depois desse período, uma parte irá para outras cidades no Brasil, onde ficarão com parentes, e outra será deslocada para um abrigo especializado em acolhimento de refugiados no interior de São Paulo.
Os brasileiros que agora chegam ao território nacional só foram incluídos na sétima lista. O país com mais nacionais retirados de Gaza foram os Estados Unidos. Além dos EUA, outros oito países tiveram mais de 100 nacionais autorizados a sair da Faixa de Gaza. Mesmo com a demora ao concretizar a saída dos brasileiros, especialistas em relações exteriores consideraram a operação uma “vitória diplomática”.
Em coletiva de imprensa, o chanceler brasileiro também considerou como positiva a negociação da repatriação, destacando a “boa vontade” de Israel e Egito.
Apesar da análise do chanceler, os brasileiros esperaram mais de um mês pela permissão das autoridades regionais para cruzarem a fronteira de Gaza com o Egito, em Rafah, e poderem voltar ao Brasil.
A situação levou organizações de direitos humanos palestinas, como a Al-Haq, a acusar Israel de “perseguir cidadãos brasileiros para fins políticos” uma vez que o Brasília se posicionou contra sua ofensiva em Gaza.
De todo modo, este foi o décimo voo da Operação Voltando em Paz, do governo federal, que cumpre mais uma missão de repatriação em áreas de conflito no Oriente Médio. A aeronave VC-2, cedida pela Presidência da República, está há quase um mês no Egito para o resgate dos repatriados oriundos da Faixa de Gaza. Os outros voos partiram de Tel Aviv, em Israel, e de Amã, na Jordânia, com brasileiros que estavam no território palestino da Cisjordânia.
Com os dez voos, a Operação Voltando em Paz transportou o um total de 1.477 passageiros, além de 53 animais domésticos. Do total, foram 1.462 brasileiros, 11 palestinos, três bolivianas e uma jordaniana.
(*) Com Agência Brasil e Brasil de Fato